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Analice Nicolau
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Tecnologia Sustentável: alunos criam filamentos 3D a partir de garrafas PET

Projeto sustentável e de baixo custo desenvolvido por jovens de Santa Cruz do Sul revoluciona uso de materiais recicláveis na robótica

Analice Nicolau

12/07/2024 11h30

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Estudantes do Ensino Médio do Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz do Sul/RS, criaram um projeto inovador que converte garrafas PET em filamentos para impressoras 3D. A equipe Cavalaria de Robótica, composta por jovens entusiastas de tecnologia, desenvolveu uma solução sustentável e de baixo custo, que utiliza garrafas plásticas para fabricar componentes mecânicos usados em robôs e drones.

A necessidade de atender a demanda interna do colégio motivou a criação do projeto. Os estudantes construíram dois protótipos: um que corta as garrafas em filetes de aproximadamente 10mm e outro que derrete esses filetes, transformando-os em filamentos de 1,75mm, adequados para impressoras 3D. A tecnologia permite criar objetos tridimensionais a partir de desenhos digitais, camada por camada.

“Todo filamento que compramos é produzido com plástico e, dependendo da sua composição, não é facilmente biodegradável, ou seja, um problema para a natureza. Outro fato importante é que, para produzirmos uma peça bem rígida, como a base para um robô, por exemplo, precisamos utilizar muito material. Diferente do que acontece com as peças produzidas através do PET, que ficam muito rígidas, praticamente inquebráveis – além da consciência ambiental”, destaca Fabrício Noronha, instrutor de robótica do colégio.

Para montar os protótipos, a equipe adquiriu componentes eletrônicos e imprimiu as peças necessárias. Lucas Weber Freitas, estudante do 1º ano do Ensino Médio, explica que o processo envolveu muitos testes. “O tempo todo estamos aprendendo! Derreter o plástico nunca foi o problema, embora a cor da garrafa possa influenciar. O verdadeiro desafio está no motor que puxa e enrola o filamento já pronto. O primeiro protótipo tinha pouca força para puxar, então imprimimos outro com mais engrenagens, o que deu mais torque ao motor. Uma verdadeira aula de física”, ressalta Lucas.

A estudante Luana Wolffenbüttel Machado, do 3º ano, e o ex-aluno e estagiário Lucas Krainovic Landesvatter também participam do projeto. Luana destaca a influência da composição química das garrafas PET no processo de impressão. “As garrafas transparentes são mais difíceis de imprimir, pois necessitam de uma temperatura mais alta tanto no processo de produção do filamento quanto na impressão 3D, em torno de 260 graus. Já as garrafas PET verdes são mais fáceis porque os aditivos ou pigmentos adicionados durante o processo de fabricação podem afetar as propriedades térmicas do material”, explica Luana.

Cada garrafa de dois litros gera, em média, quatro metros de filamento. Para produzir a base de um drone de 180mm de comprimento, 60mm de largura e 5mm de espessura, foram utilizados 10 metros de filamento, ou seja, três garrafas PET.

Nei Cesar Morsch, diretor do Colégio Marista São Luís, enfatiza a importância do engajamento dos jovens com questões ambientais. “É gratificante ver os estudantes se preocuparem e estarem engajados com a questão ambiental. Toda iniciativa que busca rentabilidade precisa se preocupar com os pilares da sustentabilidade: ter uma utilidade social, ser economicamente viável e ambientalmente correto. Assim, entendemos que as tecnologias educacionais precisam estar alinhadas a esses conceitos, pois preparamos nossos estudantes para o futuro”, conclui Morsch.

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