O Brasil se prepara para colher uma supersafra de arroz em 2025, com previsão de queda de mais de 5% no preço do grão, mas o alívio não será suficiente para conter a alta de 7% na cesta básica. Enquanto o arroz e outros alimentos como feijão e hortaliças devem registrar reduções, itens essenciais como carnes, café e óleo de soja devem subir significativamente, pressionados por fatores climáticos e cambiais.

A carne bovina é um dos vilões do aumento. Em outubro de 2024, o preço da arroba do boi gordo chegou a 300 reais, o maior valor em quase dois anos. Para 2025, a perspectiva é de alta entre 10% e 20%, devido à baixa oferta de gado e às consequências da seca e das queimadas. A carne de frango e os ovos também acompanharão essa tendência, com projeções de aumento de 5,3% e 6,2%, respectivamente.

Outro impacto significativo vem do óleo de soja, que, mesmo com uma safra recorde, pode subir até 8% devido à valorização cambial e à demanda crescente por biodiesel. No setor de bebidas, o café enfrenta o maior desafio: a seca e a menor produtividade das máquinas devem resultar em um aumento de até 11% nos preços.
Por outro lado, o clima mais favorável para tubérculos e hortaliças deve contribuir para safras robustas, equilibrando o cenário em parte. No entanto, o câmbio elevado continua a pesar sobre os custos de trigo, óleo de soja e outros produtos importados ou dependentes de mercados internacionais.
Para Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, o desafio para 2025 será o impacto no orçamento das famílias brasileiras. “Embora alguns produtos apresentem queda, a alta de itens como carnes e óleos, essenciais na mesa dos brasileiros, pode dificultar o equilíbrio financeiro das famílias, especialmente as de baixa renda”, avalia.
A inflação alimentar tende a ser um desafio persistente, mesmo com a contribuição positiva de safras específicas. O consumidor precisará reavaliar o consumo e buscar alternativas para manter o poder de compra em um ano marcado por contrastes no mercado de alimentos.