Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) indicam que a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das condições mais comuns entre mulheres em idade reprodutiva, afetando até 20% desse grupo. Uma das principais preocupações das pacientes diagnosticadas é a possibilidade de engravidar. Ana Paula Damasceno, nutricionista materno-infantil, destaca que a doença pode estar associada a outras condições de saúde e que a adoção de um estilo de vida saudável é essencial para o controle dos sintomas e para tornar possível o sonho da gravidez.

A SOP é uma condição endócrina que afeta a produção hormonal no corpo da mulher. Ana Paula explica que a doença dificulta a ovulação, sendo os principais sintomas a irregularidade menstrual, aumento de peso e de pelos, além do surgimento de acne. A preocupação com a fertilidade é justificada, pois a síndrome pode causar ciclos menstruais sem ovulação, condição conhecida como anovulação.

“Entretanto, é necessário entender que a SOP não é uma sentença! Nem todas as pacientes com a síndrome serão diagnosticadas com infertilidade. O tratamento melhora a ovulação, a qualidade de vida e pode preparar o corpo da mulher para uma gestação”, defende a nutricionista. No controle da doença, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental, incluindo ginecologistas e nutricionistas.

A nutricionista compartilha uma experiência que teve com uma de suas pacientes: “Ela tinha SOP e engravidou após quatro meses de acompanhamento. Nesse caso, optamos por reduzir a quantidade de açúcares e alimentos industrializados que ela consumia em excesso, substituindo-os por opções práticas e saudáveis, alinhadas à sua rotina corrida”. Ana Paula comenta que também implementou o ciclo das castanhas para ajudar a regular o ciclo menstrual da paciente, que estava irregular devido à alta produção de estrógeno. Além disso, foi feita uma suplementação específica, sempre baseada nos exames e na rotina da paciente.
SOP e estilo de vida
A nutricionista ressalta que a SOP pode estar associada a outras patologias, como doenças cardiovasculares e diabetes, além de aumentar o risco de câncer no endométrio. Por isso, é crucial fazer exames periódicos para monitorar a evolução do quadro. Pacientes obesas, com dietas pouco nutritivas, sedentárias, fumantes ou que consomem álcool excessivamente, tendem a sofrer mais com a SOP e podem apresentar mais dificuldades para engravidar.
“Existem mitos que cercam a doença e prejudicam o tratamento de muitas pacientes. Um deles é que quem tem SOP não pode comer carboidratos e outro é que é possível curar a doença apenas com anticoncepcional”, alerta a nutricionista. Ela explica que não há dieta mágica ou remédio milagroso, e que a restrição alimentar pode prejudicar a saúde mental da mulher, já fragilizada pelo diagnóstico.
Ana Paula afirma que é importante adotar uma rotina com refeições variadas e ricas em nutrientes como vitaminas, proteínas, carboidratos, fibras e minerais. Praticar atividades físicas, seja caminhada, academia, corrida ou esportes em geral, além de abandonar vícios como o tabaco e o álcool, são atitudes que contribuem para o melhor funcionamento do corpo e o controle da SOP.
Além disso, ela enfatiza que cada tratamento deve ser personalizado, considerando como a SOP se manifesta e a rotina da paciente. “Somente assim um tratamento eficaz pode ser desenvolvido e a equipe envolvida poderá ajudar a paciente a atingir seus objetivos, sendo a gravidez o mais comum no consultório”, conclui a nutricionista.