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Analice Nicolau
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Sífilis atinge níveis alarmantes no Brasil: casos crescem exponencialmente nos últimos 10 anos

Boletim do Ministério da Saúde revela mais de 1,2 milhão de casos entre 2012 e 2022; especialistas alertam para a necessidade de diagnóstico precoce e prevenção

Analice Nicolau

18/10/2024 11h30

O Brasil registrou mais de 1,2 milhão de casos de sífilis adquirida entre 2012 e 2022, de acordo com o Boletim Epidemiológico Sífilis 2023 divulgado pelo Ministério da Saúde. O aumento preocupante também se reflete em outras formas da doença: 537 mil gestantes foram diagnosticadas com a infecção, enquanto 238 mil casos de sífilis congênita – transmissão da mãe para o bebê – foram notificados no mesmo período. Especialistas apontam falhas no uso de preservativos e a falta de campanhas de conscientização como alguns dos motivos para esse cenário.

A sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), é causada pela bactéria Treponema pallidum e apresenta quatro estágios: primário, secundário, latente e terciário. No estágio primário, úlceras indolores surgem no local da infecção, enquanto o secundário é caracterizado por manchas no corpo, febre e dores de cabeça. Se não tratada, a infecção pode avançar para os estágios latente e terciário, este último com o risco de causar danos graves a órgãos como o cérebro e o coração.

A transmissão pode ocorrer principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas, mas também há risco de contaminação vertical, da mãe para o bebê, o que pode resultar em complicações sérias como aborto, parto prematuro, malformações e problemas neurológicos no recém-nascido. Segundo a Dra. Camila Lopes Ahrens, infectologista do Hospital Angelina Caron, a sífilis congênita é uma das formas mais graves da doença. “O tratamento adequado durante a gravidez é essencial para evitar complicações no feto, que incluem surdez, cegueira e até a morte”, alerta.

Apesar do avanço de testes de diagnóstico e da maior oferta de serviços de saúde, o aumento expressivo de casos também é atribuído à redução de campanhas preventivas e ao uso inadequado de preservativos. O diagnóstico da sífilis é feito por meio de exames de sangue, como o VDRL e o FTA-ABS, sendo essencial que gestantes realizem esses testes no primeiro e no terceiro trimestres de gravidez.

O tratamento da sífilis é simples e eficaz, com antibióticos, principalmente a penicilina, sendo o medicamento de escolha. “Nos estágios iniciais da infecção, uma única dose de penicilina é suficiente, mas nos casos mais avançados ou graves, como na neurossífilis, o tratamento pode ser mais prolongado”, explica Dra. Camila.

A celebração do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, no próximo sábado, 19 de outubro, busca reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Autoridades de saúde esperam que a data ajude a conscientizar a população sobre os riscos da doença e a necessidade de um combate contínuo para frear seu avanço no Brasil.

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