Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

Ser mãe após o câncer: médicos explicam como garantir a possibilidade de gestação

Técnica de transposição uterina possibilita que mulheres que passaram pela doença tenham filhos

Analice Nicolau

12/05/2023 12h00

O Dia das Mães é uma data muito especial para todas as mães, mas para algumas mulheres, a celebração tem um significado ainda mais especial. São pacientes que enfrentaram o câncer e, posteriormente, conseguiram realizar o sonho de se tornarem mães.

Camila Vaticola dos Santos, fisioterapeuta oncológica de 28 anos, passou por um tratamento contra o câncer de mama e conta que o risco da infertilidade foi sua principal preocupação após o diagnóstico da doença. “Eu sempre tive o sonho de ser mãe, de uma gestação minha. Quando engravidei, meu corpo ainda tinha efeitos do tratamento, eu achei que não estava ovulando. Foi um presente do céu, o maior marco de toda essa jornada.

Meu filho é o troféu de todo esse caminho dolorido e sofrido que foi o câncer”, conta. A gestação foi considerada de alto risco, mas seguiu sem nenhuma complicação.

Já a maquiadora Carem dos Santos Neves, de 33 anos, descobriu um Lipossarcoma na pelve em 2018. A radioterapia afetaria o seu útero, impedindo uma futura gestação. Foi quando ela soube da técnica de transposição uterina, ainda em estudo na época, mas que poderia preservar o órgão para uma gravidez posterior. “Eu sabia que a radioterapia iria afetar meu útero e arrisquei realizar a cirurgia de transposição em busca de um SIM para a possibilidade de ser mãe, porque o NÃO eu já tinha. Quatro anos depois do tratamento contra o câncer, fiquei grávida”, relembra.

A técnica de transposição uterina foi desenvolvida pelo cirurgião oncológico de Curitiba, Dr. Reitan Ribeiro, para preservar o útero no tratamento de radioterapia na região pélvica. A cirurgia retira o útero do seu local original e o reposiciona na parte de cima do abdômen, para preservá-lo durante o tratamento. No final das sessões de radioterapia, os órgãos reprodutivos são realocados no local original. A técnica mantém a saúde dos órgãos reprodutivos, sem que o câncer comprometa útero, trompas ou ovários.

No que se refere ao câncer de mama, o médico mastologista do Eco Medical Center, Dr. Rodrigo Bernardi, explica que é possível engravidar após um tratamento de câncer que afetou as mamas. “Cerca de 75% destas pacientes têm indicação de tomar um bloqueador hormonal que é teratogênico. Então, se ela quiser engravidar, orientamos aguardar pelo menos dois anos com o uso dessa substância, para depois fazer uma pausa da medicação e possibilitar a gestação sem risco para o bebê”, afirma o Dr. Rodrigo.

Ele reforça que, mesmo gestante, é importante manter os exames de acompanhamento e as consultas com o médico mastologista e oncologista. “A ultrassonografia de mamas é recomendada nestes casos, apesar de ser possível fazer a mamografia com proteção, nós evitamos. Os demais cuidados são comuns às demais gestantes e a paciente que teve um câncer de mama pode engravidar e ter uma gestação segura como todas as mulheres.”

Em todo o Brasil são esperados 625,9 mil diagnósticos de câncer a cada ano, sendo 316,2 mil em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Apenas no Paraná o total de casos chega a 35 mil, com 16 mil mulheres afetadas ao ano. Estudos estimam que, do total, 13% das neoplasias afetam mulheres em idade fértil, abaixo dos 50 anos de idade.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado