Ninguém poderia prever que o sonho americano poderia estar no pão de queijo, açaí e brigadeiro. Essa não é a abertura de um conto de fadas, mas a realidade de centenas de brasileiros que estão fazendo fortuna nos Estados Unidos com um prato de cada vez.
De food trucks a prateleiras de supermercados, os sabores brasileiros viraram a nova obsessão gastronômica dos EUA. E o mais doce (e salgado) dessa história é que isso está criando uma geração de empreendedores que descobriram que o caminho para o sucesso pode ser tão simples quanto uma coxinha crocante.

À frente da Connect Solutions, empresa especializada em internacionalização de negócios, a executiva e consultora de RH Danila Rizo Palmieri acompanha de perto esse movimento da transformação dos alimentos em portas de entrada para brasileiros empreenderem no mercado internacional.
Com anos ajudando brasileiros a desembarcarem no mercado estadunidense, ela viu a comida virar o passaporte mais eficiente. “A comida brasileira tem uma força afetiva enorme para os imigrantes e, ao mesmo tempo, tem despertado muito interesse entre os americanos. É saborosa, diversa, e ainda pouco explorada fora das comunidades brasileiras,” revela Danila. Ainda segundo ela, o setor de alimentos é um dos mais promissores para quem deseja empreender nos EUA, especialmente por unir identidade cultural e oportunidade de mercado.
Entre os campeões de aceitação nos Estados Unidos estão:
- Pão de queijo: prático, sem glúten e com sabor único, caiu no gosto de quem busca snacks diferentes;
- Açaí: com apelo saudável e aparência instagramável, se consolidou em redes de smoothies e cafeterias;
- Brigadeiro gourmet: transformado em item de luxo, ganhou espaço em eventos, festas e cafés;
- Coxinhas e salgados: estão sendo reinventados em food trucks e menus de bares voltados ao público jovem;
- Café brasileiro e guaraná: valorizados por seu sabor e autenticidade, ganham mercado entre aficionados por bebidas especiais.
“Há espaço tanto para quem quer abrir um restaurante ou food truck quanto para quem deseja exportar produtos industrializados ou atuar no atacado e distribuição,” reforça Danila, apontando que o apelo vai além da comunidade brasileira e que o consumidor norte americano está mais curioso, e o cifrão acompanha essa curiosidade.
O pão de queijo, por exemplo, antes item de nicho, hoje está em 72% dos mercados especializados em comidas étnicas. Já o açaí brasileiro domina 38% do mercado de superfoods nos EUA. Empresas como o “The Coxinha Spot” em NYC, que em entrevista ao “Brazilian Times” em 2023, já falava sobre um faturamento médio de US$14k por semana.
De acordo com Danila, muitos brasileiros iniciam pequenos, com produção artesanal ou vendas locais, e evoluem rapidamente à medida que entendem a dinâmica do mercado americano, que valoriza autenticidade, consistência e qualidade.
“Nos Estados Unidos, o empreendedorismo é incentivado. Há menos burocracia e mais previsibilidade. Mas é essencial entender as normas locais, adaptar os produtos ao público-alvo e construir uma operação profissional desde o início,” conclui.