Em um mercado que valoriza cada vez mais o propósito, o especialista em luxo compartilha uma jornada de ‘nãos’ transformadores e revela que o maior valor está na autenticidade e nas conexões humanas
Em um momento em que o mercado global de luxo mostra sinais de desaceleração, o Brasil navega na contramão, crescendo a um ritmo surpreendente de 12% ao ano. Este cenário promissor, que projeta movimentar R$ 150 bilhões até 2030, não reflete apenas poder de compra, mas uma profunda transformação de mentalidade. O consumidor brasileiro de alto padrão busca algo além do logotipo; ele anseia por exclusividade, propósito e, acima de tudo, por uma experiência que o defina. É neste novo universo que Rodrigo Mattos atua, não como um vendedor, mas como um arquiteto de desejos.
Para ele, o conceito de luxo foi ressignificado. “As pessoas não compram mais apenas um carro ou uma jóia. Elas compram uma narrativa, um pedaço de uma história da qual querem fazer parte”, explica. Mas o que, de fato, é o luxo? A resposta de Mattos transcende o material e toca a alma: “O momento mais marcante da minha vida foi o nascimento da minha filha. Ali, ao contemplar o milagre da vida, eu entendi o que era o luxo. Não é sobre ter, é sobre pertencer. É uma essência. O tempo parou e tudo ganhou um novo sentido.”
Essa filosofia de vida se tornou sua bússola profissional. Rodrigo diferencia riqueza de luxo com a clareza de quem vive o que prega: “Ser rico está ligado ao dinheiro. Luxo é transformar o cotidiano em algo extraordinário: abrir um bom vinho, preparar um jantar com atenção aos detalhes, viver momentos que expressam sua essência.”
Contudo, essa clareza não surgiu do nada. Ela foi esculpida por desafios e recusas. Como muitos meninos brasileiros, ele sonhava em ser jogador de futebol, mas a vida o levou por outros caminhos. A grande virada, no entanto, veio de um “não” que ele considera o mais importante de sua vida.
“Após a pandemia, pedi um reajuste e a resposta foi negativa. Aquele ‘não’ mudou tudo. Eu trabalhava como um robô, sem alegria, sem conexão. Foi a libertação que eu precisava para redescobrir meus talentos e a minha leveza. Foi o melhor ‘não’ que já recebi.”
O maior erro, ele admite, foi “não ter se respeitado” e permitir que outros o controlassem. Hoje, ele aconselharia ao seu eu mais jovem: “Voe. Acredite em você. Não deixe ninguém dizer que você não é capaz.” É essa força que o inspira e que ele transmite aos seus clientes. Sua referência de conduta é Ayrton Senna, um ídolo que, para ele, “tinha fama e reconhecimento, mas nunca perdeu a essência de quem era”, deixando um legado de ética e resiliência.
Ao ser questionado sobre o seu próprio legado, Rodrigo Mattos volta-se para uma inspiração maior, que guia sua visão de mundo. “O grande legado foi deixado há milhares de anos por Cristo Jesus. Ele nos ensinou que quem não vive para servir, não serve para viver. E que o amor é a cura para tudo. Se amarmos uns aos outros, resolveremos a maioria dos problemas do mundo.”
Em sua rotina, o equilíbrio vem do “bom senso” e de uma entrega total ao momento presente, seja no trabalho ou com a família. O trabalho de Rodrigo Mattos nos lembra que, em uma era de excessos, o verdadeiro luxo é a autenticidade, a conexão e as experiências que o dinheiro pode até facilitar, mas que, por si só, jamais poderá criar.
