O turismo sustentável e de base comunitária tem gerado impacto positivo em diversas regiões do Brasil, promovendo geração de renda e fortalecendo a preservação ambiental.
Na Terra Indígena Haliti-Paresí, em Mato Grosso, um novo projeto busca ampliar essas oportunidades por meio da capacitação de moradores locais.

No dia 16 de junho, o Instituto Samaúma – iniciativa sem fins lucrativos da Vivalá – Turismo Sustentável no Brasil –, em parceria com o Instituto Bancorbrás e com apoio da Prefeitura de Tangará da Serra (MT), realizou o lançamento do projeto Rumo ao Turismo Regenerativo na Aldeia Katyalarekwa, uma das comunidades da Terra Indígena Haliti-Paresí, localizada a cerca de seis horas de carro de Cuiabá.
Ao longo de dez semanas, cerca de 50 pessoas das aldeias participantes do projeto Menanehaliti – nome que significa “continuidade sem fim” ou “projeto duradouro” na língua Aruak – passarão por uma formação completa. As aldeias Katyalarekwa, Serra Dourada, Oreke, Arara Azul e Duas Cachoeiras receberão capacitações baseadas em mais de 10 mil horas de aplicação, já utilizadas na formação de 700 empreendedores comunitários em outras regiões do país. Além da etapa presencial, o curso prevê acompanhamento trimestral até fevereiro de 2026.
“O turismo em nossas terras é fundamental e necessário para valorizar e preservar a rica cultura e biodiversidade das comunidades. Além de proporcionar o desenvolvimento econômico e sustentável, educa e sensibiliza os visitantes. O objetivo principal é criar uma experiência benéfica para todos, garantindo que as atividades turísticas sejam realizadas de maneira responsável e respeitosa. A capacitação é importante para que possamos saber como divulgar a nossa cultura e o local”, afirma Salomão Nezokemazokai, cacique da aldeia Oreke.

O projeto Rumo ao Turismo Regenerativo também busca complementar as ações já desenvolvidas anteriormente nas comunidades. O povo Haliti-Paresí iniciou sua trajetória no turismo sustentável com a primeira capacitação realizada pela prefeitura de Tangará da Serra, em parceria com profissionais do setor.
“O projeto Menanehaliti de Etno e Ecoturismo é fruto de um grande esforço coletivo desenvolvido entre as aldeias indígenas beneficiadas, as gestões públicas estadual e municipal, a empresa de consultoria especializada, o poder legislativo de Mato Grosso e outros parceiros como a Vivalá, maior operadora de turismo de base comunitária e etnoturismo do Brasil. As capacitações promovidas pelo projeto vão garantir o conhecimento técnico necessário para proporcionarem uma autêntica e enriquecedora vivência na sua cultura ancestral, impactando positivamente todas as aldeias com geração de emprego e renda, preservação dos costumes e tradições, conservação dos recursos naturais e fortalecimento do protagonismo indígena em seu território”, afirma Wilson Pereira, turismólogo da Secretaria de Cultura e Turismo de Tangará da Serra.
A formação será conduzida com a metodologia da Universidade Vivalá de Negócios, desenvolvida e aplicada há dez anos junto a moradores de comunidades tradicionais brasileiras. O conteúdo será dividido em módulos semanais, abordando temas como marketing, finanças, vendas e ações sustentáveis. Ao final, a expectativa é que os participantes estejam ainda mais preparados para receber os viajantes e transformar as experiências turísticas em uma fonte de renda sustentável, com impacto ambiental, social e financeiro positivo.
O projeto conta com investimento do Instituto Bancorbrás, que tem como foco o desenvolvimento do turismo sustentável e de base comunitária no país. A organização vê a iniciativa como uma ferramenta para o fortalecimento comunitário e valorização da cultura dos povos indígenas da região.
“Ao apoiar o etnoturismo desenvolvido na Terra Indígena Haliti-Paresí, unimos dois propósitos: valorizar o conhecimento ancestral e a conexão com a natureza e aplicar nossa experiência em negócios para fortalecer uma atividade economicamente sustentável”, destaca Claudio Roberto, diretor geral de negócios do Grupo Bancorbrás e diretor executivo do Instituto Bancorbrás.
“Seguimos dedicados na nossa ambição de contribuir com o desenvolvimento do turismo sustentável e de base comunitária (TBC), agora em conjunto com as aldeias indígenas de Tangará da Serra, que se junta às nossas operações junto ao povo Yanomami no Amazonas, Shanenawa no Acre, Kariri Xocó em Alagoas e aos Guarani em São Paulo”, completa Daniel Cabrera, diretor executivo do Instituto Samaúma e da Vivalá.
Ainda neste ano, estão previstas cerca de cinco expedições comerciais para o novo destino em Tangará da Serra, com previsão de dobrar esse número em 2026. Em todos os roteiros, os grupos serão acompanhados por guias e facilitadores da Vivalá, além dos representantes das comunidades.