Em agosto, a Amazon receberá o lançamento de “Abusada”, o novo livro de Priscila Bellizzi. A obra aborda um tema crucial: a importância do despertar da essência feminina através do resgate de memórias, especialmente no pós-trauma de uma relação abusiva.

Priscila Bellizzi explora como, durante uma relação abusiva, muitas mulheres se veem afastadas de suas redes de contatos e silenciadas, resultando em um esquecimento profundo de suas próprias histórias de vida. “Muitas mulheres perdem o contato com suas conquistas, amigos, lugares preferidos, hobbies e até mesmo com suas preferências pessoais, como roupas, cores e alimentos”, explica Bellizzi. “Esse processo de desconstrução da identidade ocorre devido à imposição de abandono de sua própria persona para evitar conflitos e agradar o parceiro abusivo.”

A autora explica que o abusador distorce a noção de amor, exigindo respeito e obediência enquanto despeja suas frustrações na parceira. “Qualquer desvio dessa expectativa pode ser interpretado como traição ou competição, desencadeando agressões e violências de todas as naturezas”, diz Bellizzi. “Na tentativa de se proteger, a mulher se rende às imposições, o que apenas prejudica sua saúde emocional e a afasta de si mesma, fazendo a relação se tornar cada vez mais insustentável.”
“Abusada” também oferece um caminho para o resgate de memórias e a reconstrução da identidade no pós-trauma. Priscila Bellizzi sugere várias estratégias: “Escrever sobre os sentimentos, criar projetos sociais que promovam relações saudáveis, participar de redes de apoio, iniciar tratamento psicológico, praticar atividades físicas, meditar e desenvolver uma conexão espiritual mais profunda para renovar a fé.”
A autora destaca que, durante a relação abusiva, muitas mulheres sentem medo, culpa, desamparo e letargia, o que as impede de sair da relação. Ela também ressalta a importância da realização profissional feminina para aumentar a dedicação à família. “Historicamente, o homem se realiza profissionalmente com o apoio emocional da mulher, que cuida do lar e dos filhos”, observa Bellizzi. “No entanto, essa dinâmica pode levar a um vazio existencial para a mulher, que se vê sem espaço ou tempo para se realizar fora das responsabilidades domésticas.”
Priscila Bellizzi critica a expressão “mas ela é casada” e a romantização do casamento, argumentando que o estado civil não deve determinar a vida de uma mulher. “Estamos em 2024 e é preciso mudar a percepção sobre o casamento”, afirma a autora. “Acredito que tanto homens quanto mulheres precisam se sentir realizados individualmente para manter um casamento saudável. Sem essa realização, o casamento está fadado a desacordos e rupturas.”
Sobre o comportamento das mulheres que retornam a parceiros abusivos, Priscila Bellizzi não julga, compreendendo que a relação abusiva cria uma dependência emocional. “Vejo que essas mulheres precisam de ajuda de um psicoterapeuta”, enfatiza. “O que elas interpretam como amor é, na verdade, pura dor.”