A Avenida Paulista foi palco de um dos maiores atos de afirmação religiosa e cultural do país: a Marcha para Exú, idealizada e realizada de forma independente por Jonathan Pires. O movimento surgiu de um desejo antigo de dar visibilidade e respeito a Exú, entidade constantemente alvo de preconceito e desinformação.
Segundo Jonathan, a Marcha nasceu “de um chamado do coração e da necessidade de mostrar ao mundo que Exú não é demônio: Exú é caminho, é energia, é movimento, é comunicação”. A organização do evento não foi simples. “Fiz tudo do meu próprio bolso, sem político, sem patrocínio, sem interesse de terceiros. Foram noites mal dormidas, reuniões com órgãos públicos e muito trabalho para que tudo fosse feito dentro da lei, de forma segura e responsável”, relata.
Terceira edição reúne multidão histórica
Este ano, a Marcha chegou à sua terceira edição e marcou de vez a história das religiões de matriz africana no Brasil. Mais de 800 mil pessoas tomaram a Avenida Paulista em um ato de fé, resistência e orgulho coletivo. “Foi emocionante ver a força do nosso povo reunido em um só propósito: mostrar ao mundo que Exú merece respeito”, destaca Jonathan.
Objetivos da Marcha
A principal missão da Marcha é combater o preconceito histórico contra os cultos de matriz africana e enfrentar a intolerância religiosa. “Nosso objetivo é mostrar que nossa fé é legítima e merece respeito. A Marcha também é um ato de resistência, de afirmação cultural e de orgulho. É a nossa forma de dizer ao Brasil e ao mundo: nós existimos, temos voz e não aceitaremos mais sermos silenciados”, afirma Jonathan.

Por que registrar a Marcha?
Jonathan também destaca que a decisão de patentear o nome “Marcha para Exú” foi um ato de proteção. “Eu patenteei porque a Marcha não é uma festa, não é um bloco de rua e muito menos um produto a ser usado de qualquer jeito. Ela é um movimento histórico, carregado de fé, responsabilidade e luta. Registrar foi a forma de proteger o nome e a essência, para que não seja usado por interesses políticos, financeiros ou religiosos”, explica.
A luta é coletiva e seguirá crescendo
Questionado se o registro poderia limitar a luta contra a intolerância religiosa em outros estados, Jonathan é firme: “De forma nenhuma. O que eu faço não é impedir a luta, pelo contrário, eu incentivo que cada cidade e cada estado criem seus próprios movimentos e manifestações com outros nomes. O que não pode é usar o nome ‘Marcha para Exú’ pois o nome tem grandes responsabilidades. O registro fortalece a luta, porque garante que a Marcha mantenha sua essência e propósito”.
Agora, o movimento se prepara para um novo marco: a primeira edição da Marcha para Exú no Rio de Janeiro. “Será histórico. Depois de São Paulo, vamos levar essa energia para o Rio e mostrar que o respeito a Exú e às religiões de matriz africana é uma luta nacional”, afirma Jonathan.