Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o Brasil tem mais de 22 milhões de pessoas acima dos 65 anos, o que corresponde a 11% da nossa população. A pesquisa do Censo Demográfico de 2022 mostrou que a expectativa de vida para os homens é de 73,6 anos, enquanto a das mulheres é de 80,5 anos. Mas será que estamos preparados para o envelhecimento?

Para a médica Cíntia Machado (CRM-RS 45.813), na maioria das vezes, não. Ela argumenta que, culturalmente, ainda associamos envelhecer à perda de saúde, funcionalidade e autonomia, quando, na verdade, o envelhecimento pode — e deve — ser um processo ativo, saudável e pleno. “O que falta é educação em saúde preventiva ao longo da vida, com foco em hábitos que promovam qualidade de vida, e não apenas em tratar doenças quando elas surgem”, diz.
Quando falamos em longevidade, a especialista aponta que a saúde mental impacta diretamente a qualidade do envelhecimento. Cíntia salienta que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo, visto que emoções mal processadas, estresse crônico, ansiedade e depressão aumentam o risco de doenças inflamatórias, cardiovasculares e neurodegenerativas.
Alimentação
A médica reforça que a alimentação é um dos pilares fundamentais da longevidade. Portanto, uma dieta anti-inflamatória, rica em nutrientes, fibras, fitoquímicos e com baixo consumo de ultraprocessados contribui para o equilíbrio hormonal, a saúde intestinal, a prevenção de doenças crônicas e o bom funcionamento celular. “Alimentar-se bem é uma forma de comunicar ao corpo que ele deve viver mais e melhor”, comenta.
A longevidade começa na infância
Conforme a especialista, os hábitos formados na infância influenciam diretamente o envelhecimento. Alimentação, sono, atividade física, exposição a toxinas e até mesmo o vínculo emocional com os pais moldam o funcionamento do organismo e podem determinar o risco de doenças ao longo da vida. Ela orienta que quanto antes começarmos a cuidar da saúde, maior a chance de envelhecer com vitalidade.
Fator ambiental
Fatores como poluição, exposição a metais pesados, xenoestrógenos (substâncias químicas que desequilibram os hormônios), qualidade da água, alimentação contaminada e até mesmo o ambiente emocional em que as pessoas vivem tem impacto profundo na saúde. “Na medicina integrativa, olhamos para o corpo como parte de um sistema interconectado com o ambiente — e esse ambiente pode acelerar ou proteger contra o envelhecimento”, explica Cíntia.
Sono, reposição hormonal e suplementos
Durante o sono, o corpo realiza funções essenciais, como a desintoxicação celular (via sistema linfático), regulação hormonal, consolidação da memória e regeneração celular. A privação de sono aumenta o risco de doenças metabólicas, cardiovasculares e neurodegenerativas. “Dormir bem é um dos atos mais restauradores que podemos oferecer ao nosso corpo para envelhecer com saúde”, pontua a médica.
De acordo com a especialista, reposição hormonal e suplementos são recomendados para ajudar na construção da longevidade saudável, desde que feitos com acompanhamento médico e de forma personalizada. Com o envelhecimento, Cíntia ressalta que há um declínio natural de diversos hormônios, afetando a energia, humor, cognição, composição corporal e saúde óssea. No entanto, a reposição hormonal, associada a uma suplementação baseada em exames e necessidades individuais, pode ser uma estratégia poderosa para manter a vitalidade e prevenir doenças.
Musculação
Segundo a médica, a massa muscular é um marcador saudável e de longevidade. A musculação ajuda a preservar a força, a funcionalidade, o metabolismo e previne quedas, osteoporose e resistência insulínica. Ela afirma que envelhecer mantendo músculos é sinônimo de autonomia, proteção metabólica e saúde.