Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

Com “medida amarga, mas necessária” secretária de saúde de Araraquara aposta em lockdown rigoroso e dá exemplo

A cidade teve destaque após 10 dias de um lockdown rigoroso. O decreto suspendeu o transporte público, restrição de circulação de pessoas nas ruas e fechamento de todo comercio, sendo 5 dias até mesmo os serviços essenciais.

Analice Nicolau

22/03/2021 16h03

Com “medida amarga, mas necessária” secretária de saúde de Araraquara aposta em lockdown rigoroso e dá exemplo

No último sábado (20) Analice Nicolau entrevistou, em uma Live pelo Instagram, a Secretária Municipal de saúde de Araraquara, Eliana Mori Honain. Durante a conversa, a secretária mostrou como vem enfrentando, junto com o prefeito Edinho Silva (PT), de forma objetiva e eficiente os efeitos da pandemia e a nova variante do virus, a Cepa de Manaus.

A cidade teve destaque após 10 dias de um lockdown rigoroso. O decreto suspendeu o transporte público, restrição de circulação de pessoas nas ruas e fechamento de todo comercio, sendo 5 dias até mesmo os serviços essenciais.
As medidas, que para muitos foi vista como drástica, foi pensada devido o grande aumento de casos a partir do meio de janeiro. A prefeitura previu que após as festas do fim de ano o número de transmissões e consequentemente de internações aumentaria e também a identificação da Cepa de Manaus, o que causou superlotação do hospital de campanha e fila de até 16 pessoas aguardando leitos de UTI. Eliana Mori, que também é coordenadora do comitê de contingencia viu, juntamente com o prefeito, que não teria outra alternativa. “Uma medida amarga, mas necessária”, afirma.

O efeito das medidas, claro, deu resultado positivo. Houve redução de 53% no número de pessoas infectadas e de 31% nas internações. O número de mortos caiu pela metade.

Quanto a resistência dos setores comerciais, Eliana ressaltou a importância do diálogo. As medidas adotadas pela prefeitura foram analisadas pelos setores empresariais e do comercio, associação de bares e restaurantes, entre outros. “Mostramos qual era a realidade do sistema de saúde, os números e a necessidade que todos devem ajudar. Não podemos ignora-los, mas trazermos para nosso lado”. Afirma Eliana.

A secretária de saúde está ciente que vivermos em um mundo que visa o lucro, mas aponta que agora é o momento de lutar pela vida. Eliana concorda que as restrições causam um grande impacto econômico, social, pessoas sofrendo dificuldade, mas questiona como lidar com número crescente de óbitos. “Nós gestores vamos ficar marcados pelo número de caixões enfileirados em nossa cidade”.

Eliana aposta que nos únicos dois caminhos para controlarmos a doença: A vacina, que infelizmente vem a passos lentos, (35 mil pessoas foram vacinadas na cidade, 10% da população) principalmente devido a morosidade da compra por parte do governo federal e o isolamento social, que depende exclusivamente da consciência da população.
“O negacionismo não adianta nada, os fatos são concretos, as pessoas estão morrendo. O lockdown não deve ser motivo para reunião familiar enquanto não perdemos alguém muito próximo não nos conscientizamos”, enfatiza
Eliana também cobra campanhas educativas por parte do governo federal. “A saúde passa muito pela educação, teríamos mais saúde se a educação fosse melhor no pais. O poder público sozinho não faz nada, ele precisa das pessoas. Campanhas maciças de esclarecimentos, como foi o caso da dengue”.

A secretaria de saúde acredita que a cepa de Manaus está circulando por todo estado de São Paulo e no país, e ressalta que municípios e estados devem se preocupar em fazer o sequenciamento, para identificar, conhecer contra quem se está lutando e as características dessa nova variante.

Segundo Eliana 93% das pessoas internadas em Araraquara tem a cepa de Manaus e destaca que a variante do vírus possui um poder de transmissão muito maior. Enquanto a COVI-19 era de uma pessoa para 3 na Cepa sobe de 1 para 8. Outra característica é a infecção em pessoas mais jovens. A cidade já registrou óbitos de pessoas com 16, 17 anos, 24, 26 anos. E para faixa etária de 40 a 50 anos, capacidade muito grande de levar a morte.

“O jovem ainda acha que é uma doença com foco nos idosos, ele pega a doença não tem sintomas e passa para os familiares”. No ano passado foram registrados 4 óbitos com pessoas abaixo dos 70 anos, atualmente 40% dos óbitos estão abaixo dos 70.

Eliana também falou sobre a realidade dos profissionais da saúde, que passaram grande parte da pandemia sem vacina, com medo de adquirir a doença e contaminar os familiares. “Muitos ficaram doentes, perderam a vida, são admiráveis os trabalhadores da saúde”, relata. O município de Araraquara, disponibiliza, via 0800 ou vídeo conferencia, ajuda psicológica para os profissionais que estão na linha de frente. “Eles conhecem a doença de perto, sabem o que ela causa e mesmo assim saem diariamente de suas casas. Eles estão no limite, estão esgotados, física e emocionalmente. Verdadeiros heróis”, finaliza Eliana.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado