Uma mulher tão célebre, que sua história de vida continua sendo pesquisada e gera debates até hoje, mais de 200 anos depois de sua morte. A escrava alforriada, Chica da Silva, teve uma existência tão ‘fora da caixinha’ como dizemos hoje, que continua inspirando estudos e desperta curiosidade em torno de sua vida.
A jornalista paulistana, Joyce Ribeiro, é uma destas estudiosas que partiu em busca de uma compreensão mais aprofundada da personagem e escreveu o livro “Chica da Silva- Romance de uma vida”. A obra vai atravessar o oceano e, em julho, será lançada também em Lisboa, Portugal. O primeiro passo para alcançar todos os países onde se fala o português, em uma parceria com a CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Mas quem foi Chica da Silva? Há várias versões e até um filme muito famoso, feito nos anos setenta, no qual a atriz Zezé Motta deu vida à escrava alforriada que se tornaria uma figura histórica importante, não só na região que hoje conhecemos como a cidade de Diamantina (MG), mas em todo o país, e a versão interpretada pela atriz Taís de Araújo na extinta TV Manchete, também teve muito destaque no Brasil.
Contudo, para além das versões cinematográficas e ficcionais, Joyce Ribeiro ressalta que seu livro traz informações que nos aproximam das características humanas mais ocultas de Chica da Silva, ao propor um paralelo entre os desafios que ela enfrentou no século XVIII e as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam nos dias atuais. “Muito diferente da imagem excêntrica, escandalosa e amoral que ao longo dos anos foi repassada. A verdadeira Chica da Silva tem outros contornos que, aos poucos, vão sendo revelados”, destaca a escritora.
É importante lembrar que Joyce Ribeiro tem uma trajetória diferenciada no jornalismo brasileiro. Ela, por exemplo, foi a primeira mulher negra a comandar um debate entre presenciáveis em todos os 68 anos de TV e 30 anos de democracia. Joyce também foi a primeira mulher negra a assumir a bancada de um jornal diário, em horário nobre, entre todos os canais abertos. Atualmente, ela está à frente do Jornal da Tarde, na TV Cultura.
“Desde o lançamento do livro no ano de 2016 eu sempre tive a intenção de levar o livro Chica da Silva- O Romance de uma Vida para os países de língua portuguesa e naquela ocasião não foi possível, eu sempre continuei com essa ideia e com esse planejamento em mente e isso foi acontecer só cinco anos depois, agora em 2021. Eu consegui agora com a publicação da Geração Editorial realizar esse sonho que começou desde a primeira publicação de expandir o livro para além do Brasil”, comentou a jornalista.
Joyce ainda contou sobre os próximos passos. “E agora os próximos passos são justamente continuar com o projeto, a passagem por Lisboa foi o primeiro passo de um projeto maior, a intenção é levar o livro, a história da Chica da Silva para os países africanos que falam a língua portuguesa. Esse é o planejamento, o trabalho tem continuidade, não acaba aqui. Assim como idealizei essa possibilidade há cinco anos, eu continuo querendo, sonhando, almejando fazer essa troca entre os países lusófonos levando a minha obra, conhecendo outros autores. Há muita riqueza entre os países de língua portuguesa, entre os produtores culturais de língua portuguesa, entre a literatura de língua portuguesa. Eu espero além de contribuir à minha maneira, espero que a obra Chica da Silva seja uma contribuição que as pessoas gostem, a alegria do autor é justamente isso ver os leitores curtirem o seu livro, mas também me aproximar, ler, conhecer esses outros autores e trazer para mas perto da gente essa produção lusófona”.






