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Analice Nicolau
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Iniciativa sustentável brasileira é reconhecida pela ONU por combater poluição marinha

Projeto Marulho transforma redes de pesca descartadas em produtos sustentáveis e ganha destaque na Década do Oceano da UNESCO

Analice Nicolau

16/08/2024 15h00

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A Marulho, uma empresa brasileira especializada na transformação de redes de pesca descartadas em produtos sustentáveis, acaba de ser oficialmente reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como uma iniciativa da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030). Este reconhecimento marca uma importante vitória para a empresa, que se consolida como um exemplo de inovação e sustentabilidade na preservação dos oceanos.

Fundada em 2019 por Beatriz Mattiuzzo, a Marulho surgiu com o objetivo de resolver um dos maiores problemas ambientais enfrentados pelos ecossistemas marinhos: as redes de pesca abandonadas, conhecidas como redes fantasma. Essas redes, que representam uma ameaça significativa à biodiversidade marinha, são responsáveis pela morte de milhares de animais marinhos todos os anos. Segundo o relatório Maré Fantasma da World Animal Protection (WAP), aproximadamente 580 kg de redes de pesca são abandonados diariamente na costa brasileira, impactando até 69 mil animais marinhos diariamente.

A proposta da Marulho vai além de apenas reciclar essas redes. A empresa trabalha diretamente com as comunidades costeiras, especialmente pescadores e caiçaras da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, para transformar essas redes em produtos de alta qualidade, contribuindo assim para a redução da poluição nos oceanos e gerando renda extra para essas comunidades. Desde sua criação, a Marulho já gerou mais de R$ 500 mil em renda adicional para esses trabalhadores, destinando 43% do valor de cada produto diretamente para eles.

O reconhecimento pela UNESCO veio após a iniciativa atender a critérios rigorosos de co-concepção, envolvimento de stakeholders ao longo da cadeia de valor da ciência dos oceanos e compromisso com a gestão transparente de dados. Com essa aprovação, a Marulho se torna uma das representantes oficiais da sociedade civil da Década da Ciência Oceânica no Brasil, reforçando seu papel na luta global pela preservação dos mares.

Beatriz Mattiuzzo, fundadora da Marulho, destacou a importância das comunidades costeiras na conservação dos oceanos. “Na prática, quem é mais afetado pela poluição plástica são as comunidades costeiras. São também as comunidades caiçaras e tradicionais que há décadas cuidam do nosso litoral, dos ‘paraísos’ onde todos querem passar férias. A Marulho existe para mostrar que essas comunidades são centrais na luta contra os problemas do oceano, como a pesca fantasma,” afirmou Beatriz.

A Marulho, que já conta com o apoio de instituições como Funbio e Sebrae, pretende expandir suas ações nos próximos anos, fortalecendo ainda mais seu impacto global. Com o reconhecimento internacional, a empresa se consolida como uma referência na mitigação dos impactos negativos da pesca fantasma, contribuindo significativamente para a saúde e sustentabilidade dos oceanos.

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