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Analice Nicolau
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Galvão Bueno deixou a Globo em 1992 para ser sócio de emissora de TV

Galvão revelou que Boni falava para ele não sair da Globo para ser sócio da Rede OM, e que quando decidiu voltar, teve que ouvir do executivo: “quem mandou?”

Analice Nicolau

02/07/2024 13h00

Galvão Bueno deixou a Globo em 1992 para ser sócio

Galvão Bueno participou do Programa Roda Viva da TV Cultura, nesta segunda-feira (1º), e recordou um momento muito marcante de sua carreira, quando deixou a Globo em 1992 para assumir o departamento de esportes da Rede OM, na posição de sócio, perdendo a transmissão das Olimpíadas de Barcelona.
Questionado pelo jornalista Gabriel Vaquer, Galvão falou abertamente sobre a decisão desafiadora, que contrariava os conselhos do amigo Boni, um dos mais importantes executivos que trabalhou na Globo. Por outro lado, o narrador falou sobre o sucesso alcançado, que foi a valorização da Copa do Brasil e da Libertadores durante esse período.


Gabriel pergunta: “Galvão, tem uma passagem sua da sua carreira…”. “Eu estou negociando com a Globo, não estou? Fala pra mim”, brinca Galvão. “A Globo quer”, emenda Gabriel, que segue com a pergunta: “Galvão, tem uma passagem sua de carreira que eu acho fascinante, entre aspas, que é a sua saída da Globo em 92. Você deixa de fazer a Olimpíada de Barcelona. Por causa disso, você vai pra Rede OM. Tem uma conjuntura ali da época, talvez a Globo não te valorizasse tanto quanto você merecia já naquela época. Talvez teve a questão de 86, você estava abrigado com o ajudado Leme. Você sai pra virar diretor de esporte da Rede OM? Você fica dez meses…”.


“Não tem nada a ver. Eu fui ser sócio de uma rede de televisão. Eu tinha 40 anos. Aí surgiu aquilo e o Boni me dizia, ‘não vai, não vai’. E eu fui. Eu fui, foram dez meses”, responde Galvão. Gabriel continua: “Você muda a Libertadores de patamar, mas você sai da forma como você saiu. Você encarou hoje como um erro ou não? Você acha que você não devia ter saído?”.


Galvão explica: “quer saber de uma coisa? Eu aprendi muita coisa, porque eu fui ter funções que eu não tinha. Eu tinha a responsabilidade de aparecer, falar, de pegar o microfone, de narrar, de fazer meu trabalho bem-feito. Eu falei no Boni, o Boni é um agente da história da televisão, e o Boni me ensinou a fazer isso. ‘Olha aquele jeito de falar, hoje foi bem, mas amanhã tem que ser melhor. Sempre se pode fazer melhor’. É uma coisa que eu carreguei para o resto da minha vida e serve para todos aqui, serve para todo mundo que está aí. Sempre é possível fazer melhor”, explica sobre os conselhos recebidos pelo Boni, responsável pelo padrão de qualidade da TV Globo.


Segundo Galvão, a passagem foi curta devido a diversos problemas. “Tivemos lá problemas financeiros, desentendi aqui, mas tivemos grandes momentos. A Copa do Brasil hoje é um espetáculo de futebol. Não existia mais a Copa do Brasil, a Copa do Brasil tinha falido. E nós já colocamos a Copa do Brasil no ar em sociedade com o Pelé, a minha empresa de marketing com o Pelé Sport Marketing. E olha que é a Copa do Brasil hoje”, revela.


Galvão contou que naquele mesmo ano, o São Paulo foi campeão, quando a apresentadora Vera Magalhães comenta: “Essa é a melhor de todas as partes. Essa pra mim é a melhor parte”. “Você fala normalmente assim que é São Paulina?”, pergunta Galvão. “Sempre”, diz Vera. “Eu passei uns 48 anos escondendo que eu era Flamengo. Eu sou Flamengo, hoje eu falo”, desabafou.


O narrador ainda contou que o seu retorno para a Globo foi algo que ficou bem claro. “Estou indo embora daqui. E eu tive conversas com todos os agentes de televisão e falei, eu vou voltar pra minha casa mesmo. E negociaram com o Boni e ele falou: ‘tá vendo? Quem mandou?’ É Boni, vou voltar! Mas voltei e depois, nunca mais pensei, mas foi uma experiência válida. Não foi um erro não. Eu não considero como um erro, eu acho que somou na minha vida profissional e o meu repertório pra Globo foi fantástico”, justifica.


De quebra, o narrador ainda revelou que fez uma espécie de ‘pacto’ com Senna durante aquela situação. “Foi um ano que o Senna estava saindo da Fórmula 1, ele foi andar no carro do Emerson, na Indy, e você sabe que a gente falava todo dia, e eu falava pra ele assim: você já foi? Ele perguntava: ‘você já voltou?’. Eu falei ainda não. Mais ou menos fizemos um pacto. Se ele continuasse na Fórmula 1, eu voltava pra Globo. Se eu voltasse pra Globo, ele continuava na Fórmula 1, coisa de amigo. Muito mais, talvez, uma brincadeira entre nós. Mas era uma coisa de coração. E ele ficou na Fórmula 1 e eu voltei pra Globo”, compartilhou.

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