Franklin David vive um novo momento em sua vida profissional e pessoal. Ele namora o turismólogo Vitor Vianna e juntos vão apresentar a segunda temporada do programa ”Aventureiros”. Mas antes dessa virada, o apresentador teve que enfrentar a depressão e crises de ansiedade por quatro anos.
“Passei um ano e meio de depressão sem saber direito o que era aquilo, sem ter um diagnóstico médico. Foi nesse período que veio a primeira crise de ansiedade, após ter vivido uma situação pesada de assédio moral no trabalho. Ali eu vi que estava no fundo do poço e vieram os intensos pensamentos sobre tirar minha própria vida. Se eu não tivesse buscado ajuda médica naquele momento, nem sei o que poderia ter acontecido comigo”, relata o jornalista.
Infelizmente, muitas pessoas que sofrem de transtornos emocionais escutam de pessoas que não entendem a gravidade da doença que é frescura. Com Franklin não foi diferente.
“Infelizmente foi o que mais escutei. Ouvir isso é uma das piores coisas que podem acontecer com alguém que tem um quadro de depressão. A carreira na TV, o fato de me considerarem bonito, o corpo que as pessoas tanto elogiavam pareciam tirar o peso de qualquer dor emocional que eu pudesse sentir, afinal tudo era perfeito para quem olhava. E a pessoa que eu namorei nessa época repetia a todo momento que eu era privilegiado, que não tinha nenhuma razão para me sentir triste, que eu era muito fraco por me sentir daquele jeito e que depressão era coisa de quem não tinha problema de verdade. Hoje vejo, que além do assédio moral no trabalho, esse namoro abusivo contribuiu muito para o agravamento da doença”, pontua o apresentador, que acredita que a insatisfação profissional e o namoro abusivo ajudaram a desencadear o quadro.
“Na parte profissional, os constantes e mais absurdos assédios morais me deixavam cada vez mais triste, era uma tortura diária. E o namoro abusivo é o tipo de coisa que quem vive nunca se dá conta, tem dificuldade para botar um ponto final e só percebe quando analisa de fora. Esses dois campos da minha vida provocavam em mim constantes crises de choro. Já não tinha mais prazer e nem diversão, vivia com falta de ar causada pela ansiedade, era dominado por um medo sem fim e não tinha o menor interesse pela vida que eu tinha construído”.
David lembra um episódio marcante de assédio moral. Ele conta que devido à crise que o caso desencadeou, teve que passar a tomar remédio controlado.
“Fui colocado numa situação onde a minha integridade física estava em jogo e que o desfecho disso foi voltar para a minha casa com a minha roupa rasgada, tendo que atender o telefone e ainda ouvir ameaças por parte do meu chefe na época. Nesse dia, me perguntei o que estava fazendo da minha vida, por que tinha me permitido chegar até aquela situação. Eu não parava de tremer, sentia muita falta de ar e sentia vontade de bater a minha cabeça na parede para que tudo aquilo acabasse. Foi depois disso que a psiquiatra começou a me receitar os famosos tarjas pretas, tentando fazer com que eu me acalmasse”, relembra.
O apresentador acredita que o fato de ser uma pessoa pública teve relação direta com o agravamento do quadro.
“A imagem que as pessoas criam de você é a mais perfeita possível. Na minha cabeça , eu não podia demonstrar qualquer sinal de fraqueza. E isso é muito nocivo. Além dos constantes assédios morais no trabalho e um namoro abusivo e fracassado, eu perdi pai, avó e mãe no intervalo de um ano de um para o outro. E, apesar de destruído por dentro, eu me mantive ali sendo forte para que tudo ocorresse bem, ou pelo menos parecesse estar bem. Mas a grande verdade é que eu já tinha me perdido há muito tempo, nada mais fazia sentido”, destaca.
Atualmente, Franklin está livre de remédios controlados. A cura da depressão e ansiedade se deu através da ajuda profissional e um conjunto de fatores. Um deles foi ver a mãe, que faleceu no ano passado, lutar pela vida.
“Perdi minha mãe no ano passado vítima de um câncer terminal. Então me marcou muito ver a minha mãe lutando para viver durante o tratamento e eu com aqueles sentimentos horríveis e involuntários de tirar minha própria vida. Acho que a garra dela em não desistir ao enfrentar a doença e ter uma sobrevida, me deu força para não me entregar de vez à depressão. Hoje, vivo intensamente por ela e por mim. Só eu sei o quanto ela queria ficar aqui nesse plano e viver. Eu também busquei a terapia e foi fundamental. Com ela, consegui constatar os pontos de desequilíbrio que precisava ajustar. O primeiro foi abrir mão da medicação, por sentir que ela me fazia muito mal, porque eu ficava apático, anestesiado e acabava maquiando os sentimentos, de forma que eu não conseguia enfrentá-los de verdade. Foi sem os remédios que eu vi de frente tudo que precisava mudar. Então criei coragem para acabar com o namoro abusivo, pedi demissão do trabalho e me dei a chance de começar uma nova vida, de viver novas experiências pessoais e profissionais. Isso foi o que me trouxe de volta o brilho no olhar”, comenta.
Totalmente curado do transtorno de ansiedade e da depressão, o apresentador se sente à vontade para falar sobre o tema. Mais que isso, ele se sente na obrigação de pautar esse assunto para ajudar outras pessoas.
“Sei que posso salvar outras pessoas que vivem agora o que vivi lá atrás. Sou a prova viva de que existe uma saída, um recomeço. Falar sobre esse assunto é a melhor forma de mostrarmos para as pessoas que passam por isso que elas não estão sozinhas, que não são as únicas a se sentirem assim, que tudo vai ficar bem. O setembro amarelo está aí para conscientizar as pessoas e, assim, a gente conseguir prevenir tragédias. Eu sempre me coloco à disposição nas minhas redes para falar com meus seguidores sobre isso, e posso afirmar: não há nada mais gratificante do que receber mensagens de pessoas te agradecendo porque viram em você uma inspiração de alguma forma para mudar esse quadro. Enxergo isso como parte da minha missão de vida. Hoje eu me sinto curado, mas sei que a depressão está aí e que se eu me permitir viver alguma das situações ruins que citei do passado, ela pode voltar”, finaliza.


