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Analice Nicolau
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‘Ficamos viúvas de Paulo Gustavo, ficamos sem alegria’, diz Ingrid Guimarães em entrevista à Angélica

A colega de profissão e amiga pessoal do ator relembrou sua alegria contagiante durante sua participação no canal “Mina Bem Estar”, um ano após a data da morte do comediante

Analice Nicolau

17/05/2022 17h00

A colega de profissão e amiga pessoal do ator relembrou sua alegria contagiante durante sua participação no canal “Mina Bem Estar”, um ano após a data da morte do comediante

A atriz Ingrid Guimarães esteve no canal “Mina Bem Estar” do YouTube e falou sobre sua relação com o ator Paulo Gustavo e como foi lidar com a perda do colega de profissão e amigo pessoal, exatamente um ano após a data de sua morte. Entrevistada pela apresentadora Angélica, a artista trouxe à tona a missão que o intérprete da Dona Hermínia deixou para os fãs e atores brasileiros.

Ingrid começou o bate-papo falando sobre o impacto da perda do amigo, não só para ela, mas para outras atrizes que conviviam com Paulo.

“Ser alegre, nestes tempos, é uma escolha. Depois que o Paulo morreu, eu tenho muitas amigas comediantes que eram amigas dele, e eu comecei a sacar que a gente se encontrava – nós comediantes, eu, Tatá (Werneck) Mônica (Martelli), Lolô (Heloisa Périssé) – que a gente não ria mais. Aí, uma hora eu parei e falei ‘gente, como morreu um dos nossos, a gente perdeu a alegria’. Aí, uma certa hora eu falei ‘gente, a gente tem que começar a resgatar nem que seja histórias dele, pra gente rir dele”, contou Guimarães.

Rir era o ato que mais pairava entre as pessoas que estavam ao lado de Paulo Gustavo, que morreu no dia 4 de maio de 2021, após complicações decorrentes da infecção do vírus Covid-19, aos 42 anos e com muitos planos ainda pela frente.

“Então, meio que ficou uma coisa assim: ‘a gente vai continuar rindo?’. A gente ria muito junto, né? É o que a gente mais fazia na vida era rir junto”, relembrou Ingrid, que entendeu que para lidar com a perda do comediante, era necessário dar continuidade ao seu legado através do humor e da arte.

“A gente tem que pegar isso como missão, a gente tem que continuar a fazer as pessoas rirem, isso é uma missão”, convocou a humorista.

Sobre a energia alegre que irradiava do amigo, Ingrid falou que Paulo tinha um pacto com a alegria. “Ele fazia piada todos os dias, você sabe, ele sempre ligava para você. Então assim, ele encontrava comigo e falava assim, ‘e a Angélica, hein?’, e eu falava assim ‘Angélica é ótima’ e ele, ‘vamos fazer alguma coisa com a Angélica?’. Não é só que ele queria me divertir. Já que ele falou de você, ele queria mandar uma alegria pra você. Então ele passava o dia inteiro atazanando todo mundo, tanto é que todo mundo tem muito material do Paulo, né?”, contou a atriz.

A perda de um dos maiores comediantes do Brasil não foi fácil para os fãs, familiares e amigos. Angélica, em entrevista, quis saber como Ingrid tem lidado com o luto do colega de profissão, já que cada um está lidando de uma forma.
“Passei por todas as etapas. Passei pela etapa de ficar muito mal, assim, de falar ‘meu Deus, eu nunca mais…’, eu acho que nunca mais seremos as mesmas, tá? Sinceramente. A gente fala isso entre amigas e comediantes, nunca mais seremos as mesmas, porque não foi só um amigo que morreu, foi um símbolo da comédia, um símbolo da alegria. Não tem dez ‘Paulos Gustavos’, nasce um Paulo Gustavo de dez em dez anos, aquela genialidade ali. Então morreu um símbolo, é tipo um Chico Anísio”, lamentou Guimarães.

A apresentadora concordou com Ingrid e disse que o comediante morreu ainda com muita coisa para fazer, com muita história para contar, com muitos projetos, e a atriz confirmou, ao dizer que ela, inclusive, tinha muitos planos a serem realizados junto ao amigo. “Morreu um símbolo da alegria e do humor no auge, num momento tristíssimo do país”.

Ingrid também aproveitou para explicar o quanto da sua tristeza está atrelada à revolta que sente pelo momento atual em que o país está passando e de que forma isso tem a ver com a perda do colega.

“A morte dele foi um símbolo da morte da alegria do país, que significa um monte de coisa, significa a falta de vacina, significa o governo negacionista, ele foi um símbolo de muita coisa”, contou a humorista.

E continuou: “Primeiro eu fiquei muito revoltada, porque eu fiquei ‘se tivesse a vacina ele não teria morrido, ele era um fissurado pela vacina’, ele me ligava e falava ‘vamos pra Rússia, vamos pra Dubai?’. Entrei em uma revolta política. Eu sou uma pessoa indignada com o que está acontecendo no Brasil, eu falo isso abertamente, me ferro muitas vezes, mas eu não tô nem aí, eu quero que daqui há dez anos a minha filha saiba que eu estive do lado certo, então fiquei muito revoltada. Depois que passou a revolta, que eu vi que não adianta nada, porque também não adianta eu ficar brigando, que é uma outra energia que você traz pra você que não é a energia que eu quero passar pro público, eu fiquei com uma coisa de que tinha que ter missão, que a gente tinha que continuar a missão dele”, relatou.

Continuar a fazer o público rir foi algo estimulado inclusive pela irmã do ator, que segundo Guimarães, disse para ela, no enterro de Paulo Gustavo, ao abraçá-la, que ela e todos os atores deveriam continuar.

Sobre essa missão, Ingrid disse que sempre foi um objetivo levar o cinema popular aos brasileiros e que deseja um dia voltar a encher os cinemas novamente.

“Toda vez que saía uma matéria, tinha assim ‘o homem do cinema nacional e a mulher do cinema nacional’, sempre que citava ele, me citava. Eu tinha o maior orgulho disso, tá perto dele nesse lugar. A gente tinha essa missão de levar o cinema popular pro Brasil. Então, eu entrei numa de que eu tinha que continuar, que eu tinha que fazer os filmes de comédia, que eu tinha que continuar levando o público pro cinema. Eu tenho esse sonho ainda, de voltar a encher o cinema de novo”, dividiu a atriz.

E finalizou: “Hoje, é claro que as coisas melhoraram, a gente voltou a rir, mas eu acho que (por mais que) você ligue a televisão e veja algo ruim, olhe pro lado e tem gente morrendo, você vê alguém ficando doente, é uma missão, é uma opção, alegria é uma opção”.

O canal do YouTube “Mina Bem Estar” faz parte da plataforma que leva o mesmo nome, co-fundada pela apresentadora Angélica, que também é colunista do site, focado em temas relacionados ao bem-estar da mulher, em todos os âmbitos.

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