Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

Fernando Henrique do Vale resgata a memória de Amadeu de Queiroz em livro que conta a vida e obra do escritor pouso-alegrense

Escrito pelo também pouso-alegrense, o livro ‘Amadeu de Queiroz: um imortal Sul-Mineiro’ apresenta a história do escritor e retrata toda sua trajetória artística.

Analice Nicolau

15/08/2023 10h00

Nascido e criado em Pouso Alegre, o escritor Fernando Henrique do Vale sempre teve grande apreço pelos livros, desde criança ele gostava muito ler. Durante o período da infância e juventude, ele teve contato com Margarida Queiroz, que era filha de Amadeu de Queiroz, ela o incentivou ainda mais e seu gosto pela literatura só aumentou. Como na época ela era desquitada e não tinha filhos ou familiares próximos, o pequeno leitor era como um neto para ela.

Já na fase adulta de sua vida, Fernando fez o bacharelado em Filosofia, após alguns anos ele se formou no curso de licenciatura em História, foi nesse momento que ele decidiu seguir como pesquisador. As pesquisas realizadas pelo pouso-alegrense são voltadas para a compreensão dos aspectos do Sul de Minas, tanto em uma histórica social, como também econômica, o que o fez iniciar um mestrado Universidade de São Paulo com essa temática e focar seus estudos principalmente na microrregião de Pouso Alegre.

Além de ser um expoente da literatura, o Amadeu de Queiroz é uma figura importante para quem estuda História. Fernando afirma que o escritor tem múltiplas facetas. “Ele é cronista, poeta, novelista, romancista e também ele é um memorialista, um historiador juntamente com folclorista”. O fato dele ter convivido com a filha escritor, fez com que ele escutasse muitas histórias, até mesmo histórias que o próprio Amadeu não registrou. Munido desse conhecimento, o historiador decidiu colocar essas histórias no papel junto com as histórias que ele recolheu através de pesquisas e o lançamento do livro ‘Amadeu de Queiroz: um imortal Sul-Mineiro’, se deu pelo grau de importância de sua vida e obra do escritor, por ele ser uns dos pioneiros da literatura regional e também devido à falta de reconhecimento dele no Sul de Minas.

O livro é divido em três capítulos, na primeira parte Fernando retrata um pouco da origem da família Queiroz, já que o Amadeu tem uma descendência portuguesa que chega até ser da mesma linhagem do escritor reconhecido mundialmente José Maria de Eça de Queiroz. Outro ponto retratado é a trajetória da família Queiroz até o nascimento de Amadeu, que acontece no final do século 19. Nessa parte, são descritas as primeiras formações dele, sua juventude, o casamento, o nascimento dos filhos. Um fato importante é que escritor seguiu a profissão do pai dele, ele foi farmacêutico e essa vivência também contribui muito para a sua literatura. O final do primeiro capítulo aborda a saída dele e de sua família de Pouso Alegre e o início do segundo capítulo mostra como foi a chegada em São Paulo. Uma das histórias contadas por Margarida é que seu pai decidiu deixar a cidade mineira por causa de conflitos políticos com o cunhado e que eles chegaram até ser ameaçados, mas nas anotações de Amadeu o motivo era outro, no caso melhores condições de estudos para os filhos. Em São Paulo, o escritor deu guinada em sua vida literária, ele já escrevia para alguns jornais, mas foi nessa época que ele lançou seus primeiros livros.

Também foi durante esse período que Amadeu reuniu um grupo de entusiastas que o ouviam e conversavam com ele sobre literatura, esse grupo contava com nomes como Nelson Werneck Sodré, Lygia Fagundes Telles, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Edgard Cavalheiro, Ruth Guimarães, entre outros. Apesar de estar nesse meio e ter tido contato com os modernistas, o pouso-alegrense era uma pessoa mais discreta e que não gostava de pompa, ele preferia manter esse tom mais vanguardista e regionalista. Foi em São Paulo também que ele começou a ser reconhecido por algumas instituições, como o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no qual ele inicia a sua participação, ele começa a escrever na Revista do Arquivo Público da cidade de São Paulo, mas a sua contribuição sempre era voltada para região que ele mais gostava que era o Sul de Minas, local no qual ele nasceu. Dessa forma, ele deixou diversas contribuições para o Sul de Minas, até mesmo históricas, ele escreveu uma biografia sobre o senador José Bento, que foi expoente importante para o Sul Minas. Também escreveu romances históricos nos quais ele retrata a exploração de ouro na região. Além disso, ele escreveu a história de Pouso Alegre, logo até hoje sua obra é procurada por historiados ou curiosos que desejam aprender mais sobre a região. No final da segundo parte são retratados os reconhecimentos que escritor passou a ter na sociedade paulistana, como fazer parte da Universidade de São Paulo, lugar que ele atuava como secretário do reitor.

O terceiro capítulo aborda os últimos momentos de vida de Amadeu. Nesse ponto da história, o pouso-alegrense já tinha sido convidado para fazer parte da Academia Paulista de Letras, mas se recusou e na idade mais avançada que estava ele recebe um novo convite, mas apesar de aceitar dessa vez, alguns dias antes de tomar posso ele falece. Atualmente quem ocupada a cadeira dele na instituição é o Gabriel Chalita. Também na última parte do livro há algumas análises de obras que foram lançadas após a morte dele. Para encerrar o historiador traz uma análise do próprio escritor através de um tratado da velhice, que aparece na íntegra no livro devido ao seu poder de comoção. Após o fim do terceiro capítulo há ainda uma parte chamada “Memórias”, que reúne alguns escritos de Amadeu que não foram publicados, que são mais de cunho particular.

O livro ‘Amadeu de Queiroz: um imortal Sul-Mineiro’ foi Financiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura e será distribuído de forma gratuita à população. O lançamento da obra acontecerá no dia 18 de agosto, às 19h, na Biblioteca Municipal de Pouso Alegre.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado