É muito comum, principalmente nos momentos de maior euforia no mercado, que os investidores passem a dar uma importância maior a indicadores não tão relevantes e/ou subjetivos para justificar algumas cotações elevadas. Isso serve tanto para empresas que já estão no mercado há algum tempo, quanto para IPOs recentes.
Ao invés de se preocuparem com o que realmente importa, como fluxo de caixa livre, lucro líquido e dividendos, passam a se importar com métricas secundárias, como crescimento de receita, crescimento na base de clientes, aumento no número de visitas ao site, etc. Se antes olhavam crescimento efetivo realizado, agora olham para o famoso “potencial de crescimento futuro”.

Felipe Ruiz é engenheiro com MBA pelo MIT
Este é um dos sinais claros de superaquecimento. Apesar de não acharmos que a bolsa brasileira como um todo esteja cara, enxergamos sim um forte descolamento entre preço e valor em algumas ações pontuais, nas quais o preço supera o valor em muitas vezes. Nessas horas, de um lado, vemos companhias divulgando bons resultados e, ainda assim, suas cotações despencando por causa de algum detalhe no balanço que desagradou. Do outro lado, empresas divulgam prejuízos crescentes, mas ainda assim as ações sobem porque o mercado gostou de um ou outro indicador pontual.

Além de engenheiro, Felipe também é sócio-fundador do Ações Garantem o Futuro
Muitas empresas estão sendo negociadas atualmente a múltiplos absurdos, baseados quase que inteiramente nas suas promessas futuras de lucro. São empresas que na maioria das vezes contaram uma história bonita, uma tese de investimento bastante vendedora e que, por enquanto, ainda não foram cobradas a entregarem o que prometeram. Na hora que o futuro chegar (e ele chega!), algumas poucas vão conseguir entregar, mas a grande maioria não.
Nossa busca incansável deve ser sempre por boas empresas, cotadas a bons preços e que paguem bons dividendos.