Na última terça-feira, 8 de abril, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) reconheceu oficialmente um novo tipo da doença: o diabetes tipo 5. Embora venha sendo descrito na literatura médica desde a década de 1950, essa condição ainda era pouco compreendida e carecia de uma nomenclatura padronizada. Segundo o médico Luis Felipe Paschoali (CRM-SP 146.002 e RQE 114.836), a principal característica do diabetes tipo 5 é a associação com a desnutrição, especialmente quando ela ocorre na infância, adolescência ou até mesmo durante a vida intrauterina. O especialista lembra que a condição afeta, em sua maioria, indivíduos com baixo índice de massa corporal (IMC), pouca reserva de gordura e histórico de desnutrição em estágios iniciais da vida. Porém, ele ressalta que a doença pode ser desenvolvida mesmo que a desnutrição seja revertida em períodos mais tardios da vida.

- Especialista lembra que a condição afeta, em sua maioria, indivíduos com baixo índice de massa corporal (IMC), pouca reserva de gordura e histórico de desnutrição em estágios iniciais da vida
O médico explica que, por secretar pouca insulina, o paciente não é capaz de gerar cetoacidose diabética (uma emergência médica grave do diabetes tipo 1), nem apresentar produção de autoanticorpos contra as células pancreáticas produtoras de insulina como no diabetes do tipo 1. No entanto, eles podem ter quadros graves semelhantes ao coma hiperosmolar hiperglicêmico, comum em casos de diabetes tipo 2. Além disso, a ausência de calcificações pancreáticas, que indicam pancreatite crônica, torna este tipo de diabetes peculiar e de fácil prevenção.
Paschoali comenta que apesar de já ser mencionada há décadas com nomes como “diabetes J” e “diabetes Z”, a doença não recebeu a atenção necessária dos órgãos de saúde pública. O reconhecimento formal como diabetes tipo 5 pode representar um avanço importante, entretanto, somente a mudança de nomenclatura não basta. “Mudar o nome pode chamar a atenção, mas espero, do fundo do coração, que isso se traduza em ações concretas. É fundamental que as autoridades se sensibilizem e passem a investir em políticas públicas voltadas à prevenção da desnutrição. Só assim será possível combater verdadeiramente a causa dessa enfermidade”, finaliza.