Após anos atuando como comissária de bordo internacional e residindo em Dubai, Carol Teixeira teve contato próximo com famílias de diversas nacionalidades e observou de perto a naturalidade com que crianças alternavam entre diferentes idiomas no convívio diário.
“Era comum ver uma criança conversando comigo em inglês, virando para falar com a mãe em italiano e, no mesmo instante, se voltando para o pai para falar em árabe”, recorda.
“Aquilo me fascinava. Foi vendo essa cena se repetir tantas vezes que percebi: isso não é um talento especial, é uma questão de vivência e ambiente. Ali nasceu meu desejo de oferecer essa mesma oportunidade para minha filha.”

A ideia de transformar a experiência pessoal em um projeto para outras famílias surgiu de forma despretensiosa. Carol começou a compartilhar nas redes sociais momentos do dia a dia em que falava inglês com a filha, mostrando as reações e respostas da menina. “Aos poucos, começaram a surgir perguntas: ‘Mas como você está fazendo isso? Ela já entende tudo? Você fala inglês com ela o tempo todo?’ Foi aí que percebi que muitas famílias nem sabiam que era possível criar um filho bilíngue em casa, mesmo sem morar fora ou ter fluência perfeita”, conta.
No início, o desafio foi se adaptar a um novo vocabulário. “Eu sabia inglês para viajar, trabalhar, conversar sobre mil assuntos, mas não para ser mãe em inglês. Precisava aprender como falar com bebê, como usar aquele tom carinhoso e afetivo que a gente naturalmente usa no português, mas no inglês também”, explica. Para ela, criar uma criança bilíngue vai muito além de traduzir palavras. “Eu precisava aprender a ser ‘mãe’ em inglês e, de certa forma, também aprender a ser ‘criança’ em inglês.”
Os resultados na filha começaram a aparecer cedo. “Ela desenvolveu uma escuta incrível e uma facilidade imensa em associar palavras a contextos. O inglês se tornou algo emocionalmente positivo pra ela. Ela brinca, canta, se expressa… e o mais bonito é ver que ela não traduz: pensa em inglês quando está nesse contexto”, afirma.
Foi assim que nasceu o curso que, segundo Carol, busca empoderar pais e mães, mesmo aqueles que não são fluentes, a criarem filhos bilíngues de forma leve, prática e afetiva. A proposta é mostrar que não é preciso ser professor, falar inglês perfeitamente ou transformar a casa numa sala de aula.
“Dá pra ensinar inglês no dia a dia, usando o que você já tem: seus gestos, suas rotinas, suas palavras de carinho, seus momentos com seu filho.”
O curso foi estruturado para atender especialmente pais que não são fluentes. As aulas oferecem frases prontas para momentos específicos da rotina, como banho, refeições, brincadeiras e hora de dormir, com áudios, vídeos e exemplos reais.
“O curso vai além das palavras. Eu explico de forma simples e direta por que aquilo funciona, trazendo estratégias de aquisição de linguagem baseadas em como as crianças realmente aprendem”, diz.
A metodologia também inclui músicas, rimas, jogos de linguagem e materiais imprimíveis. Há ainda módulos voltados para alfabetização bilíngue, estratégias para filhos mais velhos e até um curso que ensina a incluir os pets no processo. “Qualquer situação pode virar um momento de exposição ao inglês”, afirma.
Embora a primeira infância seja o foco, Carol garante que a proposta funciona para qualquer idade. “Muitas famílias começam com filhos já em idade escolar e conseguem ver resultados incríveis. O que importa não é a idade da criança, e sim a forma como o inglês é apresentado no ambiente em que ela vive.”
Os primeiros progressos podem surgir em poucas semanas. “Em cerca de um mês, já é comum ver a criança reconhecendo palavras, cantando trechos de músicas ou repetindo frases simples do dia a dia”, diz Carol. Para ela, o segredo está na constância e no vínculo afetivo com o idioma. “O importante é criar um ambiente onde o inglês esteja presente de forma afetiva, para que o aprendizado aconteça de forma espontânea e prazerosa.”