Nascida em Francisco Beltrão, no interior do Paraná, Joseane Leandro teve uma infância sem luxos. Sua mãe era dona de casa e seu pai trabalhava como caminhoneiro, os recursos financeiros da família só eram suficientes para suprir o básico da caçula e de seus cinco irmãos. Apesar da simplicidade da sua família, a estudante de escola pública sempre sonhou alto e sua veia empreendedora pulsava forte desde cedo, tanto que sua brincadeira favorita de quando era criança sempre foi ser dona loja, mais especificamente proprietária de um mercado, na imaginação infantil ela tinha até funcionários.

Quando Josy tinha apenas 6 anos a família dela se mudou para Joinville, município de Santa Catarina, na busca por melhores oportunidades e foi nessa cidade que a jovem viveu os piores e os melhores momentos de sua vida. A primeira rasteira que ela levou da vida foi presenciar a morte do próprio pai aos 23 anos. “Eu era muito apegada com o meu pai, ele teve uma morte muito triste e foi bem na minha frente, ele infartou. Eu presenciei tudo isso, tive que fazer os primeiros socorros e isso me traumatizou ao extremo. Foi tudo muito inesperado, a gente estava indo pescar naquele exato momento e ocorreu antes dele se levantar para gente ir”, recorda a paranaense.

As marcas do trauma vivido por Josy se refletiram em sua vida, durante 1 ano após a morte de seu pai, a jovem vivenciou uma depressão profunda. Foi nessa época em que ela viveu o período mais conturbado de sua trajetória pessoal. “Eu dormia no cemitério, eu fiz uso de drogas ilícitas, me envolvi com má companhia. Até chegar uma fase que eu não tinha mais retorno de satisfação, porque aquilo era totalmente para tampar um buraco, eu fui procurar o crack. Cheguei a usar crack por uns três meses até que um dia eu estava fazendo uso acompanhada de companhia minha dessa fase e bateram na porta do lugar que a gente estava, mas ninguém sabia onde a gente estava, quando a porta abriu era uma senhora, com autoridade, ela falava alto e falou assim ‘Eu vim buscar a Josy’. A gente não entendeu nada, mas a senhora disse ‘Eu estava na minha casa, estava lavando a louça e o Espírito Santo mandou o endereço e o teu nome, eu vim te buscar, para te levar pra tua família” relembra.

Josy acompanhou a senhora até a casa de sua mãe, a matriarca da família cuidou da filha, deu banho e a alimentou. No outro dia, a jovem acordou renovada com uma mentalidade completamente diferente, naquele momento ela se tornou uma pessoa com garra. “Eu tive uma oportunidade de viver, sabe? Tive alguns meses de abstinência, mas nessa época eu me apeguei muito na fé. Mas o que fez eu mais sair dessa vida foi que eu troquei meu vício, todo mundo tem vício na vida, né? Somos aptos a isso, eu troquei aqueles vícios de fuga por academia, virei uma rata de academia e sou até hoje, graças a Deus foi um vício bom”, conta a paranaense sobre o momento que se inicia a virada de sua vida.
Para se libertar definitivamente de seu passado, Josy começou mesmo sem saber a escrever seu futuro quando foi trabalhar no salão de beleza de seu irmão. “Nessa época, meu irmão tinha um salão de beleza e meu a oportunidade de eu ser a recepcionista dele. Dentro do salão dele tinha uma salinha que ele estava alugando para massoterapeuta. Já brilhava o meu olhar, mas não tinha dinheiro para pagar o aluguel, muito menos curso e nem os clientes. Mas eu tinha um desejo enorme de suar aquela sala. E começou a me aguçar, eu comecei a pesquisar sobre massagem, até que eu encontrei uma pessoa que foi uma mentora para mim, a Naiara, uma amiga do meu irmão. Ela me deu aula durantes todo os dias à noite para ela me ensinar qual é a dessa área, para eu ver antes de eu entrar em um técnico se eu ia gostar. Ela me deu essas aulas e eu comecei a me apaixonar por isso, pela massagem, por todos os efeitos que ela causa. Comecei a estudar, estudar e me inscrevi no curso técnico”, lembra a paranaense.
Com o curso em andamento, Josy foi aquirindo o conhecimento técnico e já sabia fazer uma massagem e aquela salinha no salão de beleza do seu irmão ainda estava vaga. “Eu pedi uma oportunidade para o meu irmão para eu ficar com aquela sala, ele chegou e falou assim para mim ‘Mana eu vou ficar bem feliz que tu fica ali com a sala, mas eu preciso do valor do aluguel, porque sozinho eu não consigo, eu vou ter que cobrar o aluguel igual’, ele deu o prazo de 15 dias para eu pagar o aluguel. Eu não tinha cliente, não tinha nada, mas eu tive uma sacada, eu escrevi em papeizinhos ‘Vale uma massagem experimental”, com meu número de celular, tudo escrito à caneta e fui entregar no sinaleiro, nas portas das lojas, no centro da cidade. Passou uma semana e nada, mas eu estava ali na sala com uma maca e um pote de creme. A primeira pessoa me mandou mensagem, a Sabrina, que é minha cliente até hoje. Foi uma experiência surreal, a minha primeira massagem e eu precisava que ela fechasse o plano comigo. Então, envolveu tudo ali, adrenalina, vontade, eu precisava muito daquela oportunidade, foram duas horas de massagem para agradar ela, para entregar o que ela queria. Quando ela desceu da maca, ela gostou tanto que fechou dois pacotes e mais um para a mãe dela”, a massoterapeuta enfatiza que ali começou a sua trajetória com empreendedorismo.
Josy estava com vida encaminhada para trilhar um caminho de sucesso profissional, mas a jovem sofreria mais um golpe do destino, dessa vez uma traição. “Eu tinha um namorado e eu era apaixonada por ele, eu meio que morava com ele, eu fui para casa em uma tarde, quando eu cheguei na casa, ele estava na casa e eu peguei ele na minha cama com outra mulher. E foi traumático, eu me senti um lixo, a autoestima não existia naquele momento. Me magoei, me frustrei, fui para casa chorei, no outro dia pedi para voltar com ele e ele não me quis. Eu fui para casa, me olhei no espelho e falei ‘Quer saber a partir de hoje eu não vou deixar nunca mais alguém fazer isso comigo, eu vou virar uma gostosona, eu vou me cuidar’. Eu comecei o projeto de emagrecer, no início era totalmente focado para ele, para ele ver o que perdeu, mas logo em seguida eu gostei tanto de perder os quilos que estava, que eu me empolguei tanto e comecei a gostar daquele mundo. Acabei esquecendo totalmente do ex-namorado e cheguei a subir em um palco de fisiculturismo. Virei atleta, subi em dois campeonatos, tirei segundo lugar na América Latina. A minha intenção era sentir um pouco do que os atletas sentem em nível de dor, nível de tensão e sobrecarga de treino, eu queria sentir esse mundo, porque que eu estava com vontade de trabalhar com essa linha mesmo.”, recorda a paranaense.
Após 6 meses no salão de beleza, a agenda de Josy já estava lotada e ela já não tinha mais horários para novas clientes, além disso seu irmão precisou fechar o local e ela viu a necessidade de alugar um lugar só para ela. “Eu me tornei uma excelente profissional, porque eu descobri que é um dos meus dons, eu não sabia, então, não se trata só de profissão, mas de descobrir um dom. Como eu não dava mais conta a agenda eu tive a ideia de contratar uma menina para me auxiliar, alugamos uma sala, éramos em duas. Depois peguei outra sala com o meu atual esposo, a gente estava em três. Eu não tinha propósito, eu não tinha plano nenhum, eu estava feliz como eu estava, eu estava só arrumando horário para as pessoas. Eu passei algumas dificuldades naquele lugar porque ficava numa região que alagava. Eu sou uma mulher com muita fé e eu pedi pra Deus me dá uma oportunidade de sair dali. E naquela mesma semana veio uma oportunidade para mim, um amigo e cliente fez uma proposta para abrir uma clínica em parceria, mas um lugar que construísse do zero, ele ia ceder a casa para mim. Eu entrei de cabeça, sem ter nada, sem ter um centavo, eu me joguei, eu fiz uma clínica com seis salas, a coisa mais linda, no centro da cidade, é uma clínica supervalorizada. Na época que eu resolvi fechar o negócio e fazer a clínica, eu tive um cliente que uma vez soltou na maca ‘Nossa, eu investiria em você’, e aquilo ficou e eu tinha audácia de pedir um dinheiro para ele para começar, ele me emprestou 50 mil e foi início de tudo. O restante eu fui trabalhando, cheguei a tender 17 pessoas em um dia, eu trabalhava e pagava o pedreiro, eu trabalhava e pagava o pintor e assim foi até o final, meu esposo também me deu uma força tremenda”, descreve ela sobre como o sonho começou a se tornar realidade.
Durante a pandemia da Covid-19, Josy quase quebrou financeiramente, por sorte ela tinha uma reserva econômica que a ajudou a passar por aquele momento tão turbulento. “Começou a ter muita procura com pessoas com dor, dor nas costas, dor na cabeça, dor na cervical, dor nas pernas, enxaqueca e a causa tudo era por tensão, devido à ansiedade, devido a tudo que estava acontecendo as pessoas estavam necessitadas. Através de uma amiga, a Paula, veio na cabeça uma ideia, ela falou assim ‘Josy, você deveria ter um método e o nome do seu método deveria ser Método Josy’, na hora eu respondi ‘Jamais, não vai dar em nada’, mas ela insistiu, falou que minha massagem era perfeita e lembrou que eu não tinha mais horário na agenda. Ela plantou uma sementinha no meu coração e durante essa transição da construção da clínica, eu fiquei elaborando um método e como executá-lo. Deu super certo e é esse método que Joinville inteiro está amando e os retornos são maravilhosos. Hoje a minha equipe é composta por 9 massoterapeutas, um quiropraxista e uma podóloga que atuam em uma clínica com 7 salas.
Para criar o Método Josy, a massoterapeuta usou sua experiência de mais de 15 anos na sua área de atuação profissional. “Meu método é 100% eficaz para tensões musculares, em todos esses anos que eu tive de experiência na massoterapia, eu realmente vi as técnicas que funcionavam, as técnicas que enrolavam e as técnicas que não davam nada. Então, eu juntei tudo que eu já tive de curso, que é uma parede cheia de certificados, tudo o que eu já passei e vivi dentro de cabine de atendimento, imaginei o que seria uma massagem perfeita, uma massagem que deixasse o cliente totalmente satisfeito e elaborei passo a passo e montei o Método Josy, que é o diferencial de várias técnicas em um método só.” a massoterapeuta ainda destaca que os colaboradores que atuam em sua clínica são todos certificados no Método Josy. Para o futuro a paranaense tem como objetivo abrir duas filiais da sua clínica, mas antes disso, seu desejo é expandir o método criado por ela para todo o Brasil.