Segundo a oncopediatra Mariana Dórea, um dos motivos que dificultam a identificação precoce do câncer infantil é a falta de acesso à saúde que parte da população enfrenta. “Além disso, muitos casos demoram para chegar nos centros oncológicos justamente pela dificuldade de conseguir vaga em unidade básica de saúde”, afirma.
Outra questão apontada pela médica está no fato de muitas doenças oncológicas são inicialmente confundidas com patologias comuns da infância, como a dor de cabeça, o que leva ao atraso no diagnóstico.

“A dificuldade é chegar nos centros básicos e receber atendimento adequado. A maioria dos centros oncológicos do país tem um esquema de rápido atendimento para crianças com suspeita de câncer”, aponta.
No Brasil, estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam o diagnóstico de quase oito mil novos casos de câncer infantojuvenil para cada ano do triênio de 2023 a 2025.
Os dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) mostram que 20% das crianças com câncer se curam em países da América Latina e do Caribe. Conforme a oncopediatra, são números que assustam, visto que nos países desenvolvidos, a chance de cura ultrapassa 80%.
“No Brasil, estamos na faixa dos 60%, mas temos que melhorar nossa saúde básica”, afirma.

Segundo a especialista, os fatores de risco são, na maioria das vezes, de origem genética. Ela explica que isso acontece porque, em crianças, o câncer geralmente surge a partir de mutações genéticas que ocorrem durante o desenvolvimento embrionário ou nos primeiros anos de vida, afetando o crescimento celular normal.
“A maioria dos casos de câncer infantil ocorre de forma esporádica, sem um histórico familiar claro ou um fator de risco identificável. Mas ao descobrir precocemente e com centros preparados, a chance de cura tende a aumentar consideravelmente”, ressalta.