O novo longa-metragem de Sérgio de Carvalho, Empate, estreia nesta quinta-feira nos cinemas de São Paulo, Fortaleza e Poços de Caldas, após ser exibido na 22ª Mostra de Tiradentes. O documentário, produzido pela Saci Filmes e distribuído pela Descoloniza Filmes, aborda o movimento seringueiro no Acre nas décadas de 1970 e 1980, focando no legado de Chico Mendes e a luta dos trabalhadores da floresta.

A ideia para o filme surgiu em 1988, quando Elenira Mendes, filha do sindicalista e ativista Chico Mendes, procurou Sérgio de Carvalho para falar sobre a memória de seu pai, vinte anos após sua morte. “Ela gostaria muito de fazer um filme além daquela imagem do herói, aquele Chico inatingível. E conversando com ela, sugeri um filme sobre os companheiros do Chico, como essas pessoas estão 20 anos depois”, afirma o diretor. O filme, que começou a ser filmado em 2018, explora as memórias desses companheiros, refletindo sobre a luta pela preservação da Amazônia e os impactos da política de Jair Bolsonaro.

O diretor, radicado no Acre há mais de 20 anos, conheceu de perto os companheiros de Chico Mendes e sua luta pelo extrativismo. “Estar sentado com essas figuras sempre é um motivo de estar aprendendo alguma coisa nova, estar escutando a relação que eles têm com a floresta, a capacidade de organização”, conta Sérgio. Com roteiro de Sérgio e Beth Formaggini, a produção teve como destaque a pesquisa feita por Beth, trazendo uma visão aprofundada sobre a história. A montagem, conduzida por Lorena Ortiz, permitiu dar forma a uma narrativa que destaca personagens essenciais no movimento.

Empate também faz um alerta sobre as ameaças atuais à Reserva Extrativista Chico Mendes, como o avanço de projetos de lei que buscam reduzir sua área e a invasão de fazendeiros, principalmente de Rondônia, que trazem uma cultura conflitante com o extrativismo. Segundo o diretor, a situação da reserva ficou crítica após o governo Bolsonaro, com a intensificação do desmatamento e as dificuldades enfrentadas pelos moradores, como a escassez de água.

O filme, de acordo com Sérgio de Carvalho, “é um chamado à luta”, convidando o público a refletir sobre a resistência contra a opressão, inspirada pela trajetória dos seringueiros. “Esses companheiros enfrentaram um sistema que estava contra eles, mas resistiram e avançaram”, afirma ele.
A produção também conta com a participação de personagens como Assis Monteiro, Gomercindo Rodrigues (Guma), João Martins, Marlene Mendes, Sabá Marinho e Raimundo Barros (Raimundão).
Sérgio de Carvalho, formado em Cinema pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, fundou a Saci Filmes no Acre, onde produziu filmes como Empate, Noites Alienígenas e Nokun Txai – Nossos Txais, além de criar o Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira.
A Saci Filmes é uma produtora focada em questões sociais e ambientais, especialmente na Amazônia. Já a Descoloniza Filmes, distribuidora de Empate, se destaca na exibição de filmes que abordam temas indígenas, ambientais e culturais. A parceria entre as duas empresas fortalece a visibilidade de narrativas importantes, contribuindo para um olhar crítico sobre as questões sociais e ambientais no Brasil.
Assista ao trailer de Empate acessando: aqui