O Brasil, um país que ainda registra números alarmantes de violência contra a população LGBT+, viu um aumento trágico de 42% nos assassinatos de pessoas LGBT+ em 2023, totalizando 214 vidas perdidas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Contudo, em meio a esse cenário desafiador, as eleições municipais de 2024 trouxeram um fôlego de esperança: 225 pessoas LGBT+ foram eleitas em todo o país, incluindo três prefeitos, marcando uma conquista histórica para a comunidade.
Gui Mohallem, da direção do VoteLGBT, destacou o crescimento impressionante da representatividade: “Mais que dobramos o número de pessoas LGBT+ eleitas em comparação às eleições municipais de 2020. Nas capitais e grandes cidades, onde os dados são mais precisos, vemos mulheres negras LGBT+, muitas delas trans, liderando as votações entre os partidos de esquerda. Exemplos disso são Amanda Paschoal, em São Paulo; Tainá de Paula, no Rio; Iza Lourença, em Belo Horizonte; Thabata Pimenta, em Natal; e Benny Briolly, em Niterói.”
O avanço é notável: um aumento de 130% em relação às eleições anteriores, quando 97 candidaturas LGBT+ foram eleitas. Entre os eleitos em 2024, destacam-se 26 candidaturas trans, com prefeitos gays sendo eleitos em Alpinópolis e Santa Bárbara do Tugúrio (MG) e um homem cis assexual assumindo a prefeitura de Bonito (BA). Essas vitórias simbolizam a força crescente da comunidade, que se fez ouvir em 190 municípios de 22 estados, representando 19 partidos políticos, com o PT (61), PSD (26) e PSOL (18) à frente.
Pela primeira vez, as candidaturas LGBT+ puderam registrar oficialmente sua identidade de gênero e orientação sexual no processo eleitoral, e o resultado foi um recorde histórico: mais de três mil candidaturas declaradamente LGBT+. Essa conquista reflete um movimento de inclusão e visibilidade que ganha força, mesmo diante de adversidades. Como apontado por Mohallem, “O Brasil não possui um programa de educação voltado para a diversidade, o que resulta em um acesso muito desigual ao entendimento dessas identidades e termos, especialmente nos interiores do país.” Apesar disso, o aumento das candidaturas LGBT+ marca um avanço na conscientização e representatividade.
Em um esforço para garantir a segurança e a integridade dessas candidaturas, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, em parceria com a ONG VoteLGBT, estabeleceu um protocolo de monitoramento e combate à violência política contra pessoas LGBT+. Essa colaboração busca desenvolver ações que protejam os direitos políticos da comunidade, assegurando que o avanço representado por essas eleições continue a crescer em segurança e impacto.
As eleições de 2024, que já eram marcadas por um número recorde de candidaturas, agora representam uma nova era de esperança e inclusão. Com um olhar voltado para o futuro, essas vitórias mostram que a luta pela igualdade e pelos direitos da população LGBT+ está mais forte do que nunca. A estrada ainda é longa, mas cada conquista pavimenta o caminho para um Brasil mais justo e representativo.
