A abertura oficial do Ecofestival do Café da Serra dos Morgados aconteceu com a exibição do documentário: A História do Café de Serra dos Morgados durante a inauguração do galpão de pedra da Fazenda Cachoeira, construído para o manuseio do café que é produzido no local. Antes, ocorreu a primeira ação do grupo, que foi uma parada na casa de farinha, onde o público acompanhou parte do processo artesanal da mandioca e desfrutou da tapioca recheada com licuri feita na hora.

A solenidade de abertura reuniu produtores, especialistas em café, empresários, estudantes do Centro Territorial de Educação Profissional do Piemonte do Itapicuru, dos municípios de Jaguarari e Campo Formoso, na Bahia, representantes do Senar, do Sebrae, do Cesol, da Universidade Federal do Vale do São Francisco, da Universidade Estadual da Bahia, de instituições financeiras e autoridades políticas, a exemplo, do Secretário de Desenvolvimento Rural do Governo do Estado da Bahia, Osni Cardoso.

Créditos: Divulgação | Heberte Guedes
Durante seu pronunciamento, o secretário falou sobre a satisfação de participar do segundo Ecofestival de Café da Serra dos Morgados e de poder presenciar o potencial da cafeicultura que está em ascensão na região de Jaguarari e Campo Formoso, no Norte Baiano. Osni Cardoso identificou a necessidade de uma agroindústria para atender a demanda dos produtores, e anunciou que o governo da Bahia vai disponibilizar recursos para serem investidos na agricultura familiar. “Nós vamos fazer até 2027 um investimento de 4 bilhões de reais na agricultura familiar e agrofloresta. Nós estamos agora ensaiando, o que fazer de agora em diante, porque é algo novo, mas já com um time planejando tudo para melhor aplicar esses recursos”, revelou.

O público também conheceu parte dos especialistas e palestrantes que estão compondo a programação do Ecofestival como o campeão brasileiro de torra de café, Túlio Fernando e a barista, bartender, cientista política e vice-campeã brasileira de drinks, Mariana Mesquita. E ainda ouviu uma breve palestra do criador da Rede Biocultural do Paraguai, Amado Insfrán Órtiz, que hospedado na Serra dos Morgados, desde o mês passado falou sobre o encantamento da sociobiodiversidade que encontrou aqui nesse pedaço da Bahia.

“O café não é só o processo de produção, café é cultura, é fusão de gastronomia, de artesanato, de família, de amigos, é saúde coletiva”, ressaltou o representante da Solaeh (Sociedade Latino-americana de Ecologia Humana). Importante destacar que, além de Amado, que é do Paraguai, a Serra dos Morgados recebeu visitantes do México, Bolívia, Venezuela, Argentina, Espanha e Inglaterra. Essas presenças mostram que o Café de Serra dos Morgados já atravessou as fronteiras nacionais.


Uma pausa rápida para o almoço e o público curtiu um momento único, o projeto Ópera-Café, que trouxe a cantora lírica, Ingrid Torres e o pianista, Carlos Hiury, para uma apresentação emocionante. Na programação também foi realizada o Café Literovisual com artistas da região da Serra. Um momento para conhecer as obras Ilha das Almas: O Espírito Selvagem do Rio do Silêncio e Árvore Ancestral, e conversar com os autores Juracy Marques e Thalynni Lavor.

No evento também teve o show forró jazz, do cantor Ulisses Abílio, no pátio de eventos montado no Campo da Serra dos Morgados de Baixo, onde também funcionou durante dois dias a Feira Agroecológica com vários estandes de produtos e serviços. No local, os visitantes encontraram iguarias locais como o café produzido na serra, pratos típicos, doces, salgados, artesanato e produtos naturais.

Foi realizada a inauguração da Cozinha Ancestral Flor da Jurema, da chef Juci Melo, um lugar mágico cheio de significado, onde foi realizado o Café Teatro com os atores Márcia Galvão e Paulo Henrique Melo Reis, que apresentaram a cena um, de ‘A Cantora Careca’, espetáculo criado a partir do texto clássico de Eugène Lonesco, autor romeno cuja obra integra a corrente dramatúrgica conhecida como Teatro do Absurdo. E servido um jantar celebrativo com os sabores da Serra dos Morgados. Pratos à base de plantas e iguarias locais. A primeira noite fechou com o show do grupo As Semiáridas cuja proposta musical é cantar a força da ancestralidade nordestina, particularmente da mulher sertaneja.
Na programação de sábado, foi realizada uma oficina com o campeão brasileiro de torra de café, Túlio Fernando. A ação reuniu mais de 150 pessoas que vieram de outras cidades da Bahia e também de outros estados, como Pernambuco e Sergipe. Entre eles, produtores de café, técnicos, estudantes e apaixonados pela bebida.
“Ter participado da segunda edição do Ecofestival do Café da Serra dos Morgados foi muito satisfatório. Poder contribuir com a minha experiência com a torra de café, falar sobre todo processo e ver pessoas de outros estados vindo para ouvir o que tenho para compartilhar de conhecimento é sinal de que estou, de que estamos no caminho certo. Isso é muito gratificante para mim, saber que estamos expandindo e alcançando outros públicos, além de produtores de café, profissionais que trabalham com outras culturas como uvas e mangas, empresários, estudantes, donos de cafeterias, donos de torrefações. Analisando os resultados dessas ações, percebo que o meu trabalho, unido a toda essa força que eu pude sentir no evento só vai nos levar cada vez mais longe para impactar vidas de uma forma muito positiva, celebra Túlio Fernando.
Enquanto isso, outra parte do público participou de uma trilha ecológica durante quatro horas para conhecer nascentes e cachoeiras da região. A ação foi coordenada por Robson Marques, do IF Sertão Baiano, Raquel Cantidio, arquiteta e moradora da Serra, e João Rubem, produtor de café da Serra. A fotógrafa profissional Rosângela Sá, veio de Petrolina Pernambuco com a filha Elena para participar da programação. Amante da natureza, se inscreveu para fazer o passeio ecológico. “Estou muito grata por tudo que vivi na Serra dos Morgados, volto pra casa renovada. Na bagagem muitas boas recordações e a certeza de que vou voltar”, revela a turista.
Também foi realizada a palestra ‘Cafeicultura nos Sertões do Brasil: Desafios e Oportunidades’, ministrada por Jerônimo Borel, Professor do Colegiado de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Vale do São Francisco desde 2013 atuando na área de Fitotecnia/Melhoramento de Plantas. No fim do dia, teve programação no pátio de eventos com uma quadrilha junina, coordenada pela articuladora cultural, arquiteta e arteterapeuta, Naveena Karênia. Teve ainda shows musicais com as bandas Samba da Beira e Por um Três para saudar o dia mundial do Rock.
No domingo, 14 de julho, o dia começou com uma vivência de yoga ministrada pelos instrutores João Borges e Raphael Barbosa. E foi aberta a programação oficial na Serra dos Morgados de Cima, em Campo Formoso, com a oficina de preparação de drinks com café pela Vice-Campeã do Coffee in Good Spirits, barista e cientista política, Mariana Mesquita. A tarde deste domingo também foi agraciada com uma das mais esperadas oficinas: Preparação e Degustação de Cafés, que foi ministrada por Renato Rodrigues e Tainã Bitencourt, produtores da Fazenda Vista Alegre, de Piatã. O público também visitou a Feira Agroecológica montada no espaço que recebeu apresentações culturais como Os Coroas do Forró.
No último dia do Ecofestival, acnteceu uma visita na roça de café de Antônio Gomes. Durante a tarde houve um show de Welington Miranda. O evento fechou com uma sessão de cinema na Cozinha Ancestral Flor da Jurema. Lá foram exibidos os documentários Maria e As Miçangas, do premiado cineasta Emanuel Lavor que falou sobre sua trajetória no cinema e sobre o filme que está produzindo com as atrizes Dira Paes e Denise Fraga e que as convidará para estarem presentes no próximo Ecofestival da Serra.