Em entrevista ao Jornal de Brasília nesta quinta-feira (10), o especialista em Ortopedia e Traumatologia, Dr. Vitor Luis Pereira, abordou um tema que afeta milhões de brasileiros: lesões no joelho, especialmente a temida ruptura de ligamentos. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 9 milhões de atendimentos ortopédicos em 2021. No mesmo ano, 5,2 milhões de exames foram feitos e, para casos mais graves, cerca de 16,7 mil cirurgias no joelho foram necessárias.
Dr. Vitor explica que o joelho é composto por várias estruturas, mas os quatro principais ligamentos são os mais afetados em lesões. Dois ligamentos ficam nas laterais, os chamados colaterais, e dois no centro, os cruzados. “A maioria das pessoas que dizem ter rompido o ligamento do joelho está se referindo ao ligamento cruzado anterior – o mesmo que jogadores de futebol costumam romper. O segundo mais comum é o colateral medial”, esclarece.
As lesões nos ligamentos normalmente resultam de uma torção ou de um impacto direto no joelho. O especialista enfatiza que os ligamentos não rompem sozinhos e alerta sobre os sinais e sintomas imediatos: “Logo após o trauma, o joelho incha, fica dolorido, e pode surgir uma sensação de falseio, como se o joelho estivesse falhando ou algo saísse do lugar, o que pode indicar uma ruptura. Esses são os sinais agudos”.
Ele também destaca os sinais que surgem mais tarde. Após a fase inicial de dor e inchaço, o paciente pode começar a sentir o joelho instável, especialmente no caso do ligamento cruzado anterior, que controla os movimentos de transição e rotação do joelho. “Isso é mais evidente quando o paciente tenta mudar de direção, correr ou girar e sente que o joelho está saindo do lugar. Na verdade, o ligamento rompido não está mais segurando o movimento entre o fêmur e a tíbia”, explica o médico.
No caso de uma ruptura no ligamento colateral medial, a sensação é semelhante, mas mais intensa, ocorrendo principalmente quando o joelho é forçado para dentro. A dor e o falseio são os sintomas tardios mais comuns.
Embora traumas e acidentes sejam imprevisíveis, a prevenção é possível. Fortalecer a musculatura é uma das formas mais eficazes de proteger os ligamentos. “A musculatura age como uma barreira protetora das articulações. Quem tem músculos fortes e bom preparo físico é capaz de absorver melhor a energia de traumas e, assim, evitar rupturas”, destaca Dr. Vitor. Ele ainda ressalta a importância de focar no fortalecimento específico para atividades que envolvem risco de torção ou impacto.
Quando o joelho já está lesionado, o protocolo de primeiros socorros conhecido como PRICE (proteger, repousar, gelo, compressão e elevação) deve ser seguido. “A primeira ação é parar o que está fazendo, imobilizar o membro e aplicar gelo. Isso ajuda a reduzir o inchaço e evitar mais danos”, orienta o médico.
Por fim, ele reforça a necessidade de buscar atendimento especializado o quanto antes. “Até conseguir ajuda de um ortopedista, médico do esporte ou socorrista, é fundamental imobilizar a área lesionada, não mexer e manter o gelo no local. Identificar a lesão rapidamente é essencial para o tratamento adequado”, conclui Dr. Vitor.
