Em outubro, o Outubro Rosa ganha destaque, ressaltando a importância da conscientização e prevenção do câncer de mama. Embora essa doença seja frequentemente associada às mulheres adultas e apresente números preocupantes de mortalidade, um aspecto pouco debatido é o impacto do câncer de mama em homens transgêneros após a transição, uma questão que merece mais visibilidade.

Estudos indicam que homens trans podem desenvolver câncer de mama em idades mais jovens, sendo a doença frequentemente receptora hormonal positiva para estrogênio e/ou progesterona. Segundo o Dr. Henrique Alkalay Helber, oncologista do Hcor, apesar de homens trans em terapia hormonal com testosterona apresentarem menor probabilidade de desenvolver câncer de mama em comparação com mulheres cisgênero, o risco ainda é maior do que entre homens cisgêneros.

“A incidência de câncer de mama em homens trans diminui após a mastectomia afirmativa de gênero, mas não é completamente eliminada. A literatura sugere que, mesmo após a cirurgia, o tecido mamário residual pode continuar representando um risco para o desenvolvimento da doença. Por isso, é recomendado que homens transgêneros continuem a ser monitorados para o câncer de mama, embora ainda não existam diretrizes específicas de rastreamento”, explica o Dr. Henrique.
Ele também enfatiza que o rastreamento do câncer de mama deve ser ajustado individualmente, considerando a anatomia residual, a idade, o uso de hormônios, o histórico médico e fatores de risco. Atenção especial é necessária para aqueles que não realizaram a mastectomia. “Embora o risco seja menor em comparação com mulheres cis, ele não é inexistente”, reforça o oncologista.
A abordagem terapêutica para o câncer de mama em homens trans geralmente segue princípios semelhantes aos utilizados em mulheres cisgênero, mas deve ser individualizada, levando em conta tanto os aspectos oncológicos quanto as necessidades de afirmação de gênero. Embora a mastectomia seja uma prática comum, se realizada apenas para a afirmação de gênero, pode não ser suficiente para controlar a neoplasia.
Dr. Henrique explica: “A terapia endócrina, como tamoxifeno ou inibidores da aromatase (IA), é recomendada para casos em que o tumor se desenvolve por ser receptor hormonal positivo, mas também pode ser utilizada quimio e radioterapia de acordo com as características da doença. Não podemos esquecer do monitoramento contínuo e das considerações psicológicas. As pessoas que passam por transição de gênero precisam de um acompanhamento multidisciplinar para garantir que tanto os aspectos médicos quanto os de afirmação de gênero sejam adequadamente abordados.”
Além disso, o especialista ressalta que a terapia de reposição hormonal não deve ser vista como uma vilã. Quando administrada com cautela e respeito ao corpo do paciente, pode ser benéfica. No entanto, é fundamental que essa terapia nunca seja utilizada de forma independente, sendo essencial que toda a transição seja acompanhada.
Embora ainda faltem diretrizes claras para essa população, a conscientização sobre os riscos e a necessidade de monitoramento são fundamentais para garantir que os homens trans tenham o suporte necessário para cuidar da saúde mamária de maneira adequada.
O Hcor atua em mais de 50 especialidades médicas, como Cardiologia, Oncologia e Neurologia, e oferece um centro próprio de Medicina Diagnóstica. Acreditado pela Joint Commission International (JCI), o hospital também participa do PROADI-SUS, em parceria com o Ministério da Saúde, ampliando seu impacto em saúde por todo o Brasil. Fundado em 1976 pela Associação Beneficente Síria, o Hcor realiza projetos gratuitos para populações vulneráveis e possui um Instituto de Pesquisa renomado internacionalmente. Além disso, capacita profissionais da saúde por meio do Hcor Academy, com cursos e programas de residência.