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Analice Nicolau
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Dr. Fabio Schmidt: Desvendando o Transtorno de Personalidade Borderline com empatia e ciência

Médico é referência em borderline e fala sobre tratamento, relações e desafios do transtorno, além de lançar curso online para educar profissionais e público

Analice Nicolau

27/08/2025 16h00

Atualizada 29/08/2025 10h14

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Dr. Fabio Henrique de Lima Schmidt, com mais de 82 mil seguidores no Instagram, é uma voz respeitada no tema do Transtorno de Personalidade Borderline. Em entrevista, ele aborda aspectos cruciais do transtorno, como tratamento, relações interpessoais e a importância de uma abordagem clínica cuidadosa. Além disso, anuncia o lançamento de um curso online para ajudar a diferenciar nuances do borderline e evitar autodiagnósticos.

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Fábio reconhece a educação recebida dos pais: “Esses pilares me deram base para suportar as crises da vida adulta e também para olhar pacientes sem rótulos fáceis”.

Fábio define o Transtorno de Personalidade Borderline como um padrão de instabilidade afetiva, impulsividade e insegurança na própria identidade. Medo intenso de abandono e relações turbulentas são centrais. “Não é só ‘instabilidade emocional’”, explica, “envolve também a dificuldade em sustentar uma autoimagem coesa”.

Sobre o tratamento e se o problema tem cura ou controle, o médico esclarece que não se fala em “cura”, mas em tratamento efetivo e recuperação funcional. “Psicoterapia estruturada é a base, especialmente DBT (Terapia Comportamental Dialética) e GPM (Manejo Clínico Geral). Em muitos casos, medicamentos entram como adjuvantes para sintomas específicos. Com tratamento, há melhora expressiva da qualidade de vida”, garante.

Dr. Fabio explica que as relações entre quem tem o transtorno borderline e quem convive com esse paciente são intensas e marcadas por ciclos de proximidade e ruptura. “Quem convive precisa lidar com imprevisibilidade, crises e inseguranças. Mas também encontra sensibilidade, criatividade e intensidade de vínculo. É desafiador, mas pode ser transformador quando existe apoio clínico e compreensão”.

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Segundo o médico, as relações com pacientes borderline são intensas e desafiadoras, mas podem ser transformadoras com apoio clínico.

Além de se especializar em borderline, Schmidt recebe muitas demandas em seu consultório, dentre as quais muito casos de ansiedade, depressão e TDAH. “O aumento dos diagnósticos de TDAH é real, mas também há banalização e autodiagnóstico sem critério técnico”. Para ele, essa realidade mostra um sujeito cada vez mais pressionado pela autonomia, pela hiperconexão e pelo excesso de estímulos. “A vida digital acelera diagnósticos, mas também expõe fragilidades. Vivemos uma era em que emoções não têm espaço (e isso adoece)”, reflete.

Questionado sobre quem é o Fábio por trás do Dr. Fábio Schmidt, ele responde que é alguém que já teve suas próprias crises, inseguranças e dilemas, que cresceu em uma família comum, com valores simples, mas que aprendeu cedo a olhar para a dor humana sem moralismo. Dentre as lembranças da infância e os valores herdados, Fábio reconhece que seus pais o ensinaram responsabilidade, resiliência e respeito. “Esses pilares me deram base para suportar as crises da vida adulta e também para olhar pacientes sem rótulos fáceis”.

Seduzido pela complexidade do ser humano
O médico escolheu a psiquiatria e se especializou no Transtorno de Personalidade Borderline porque, segundo ele, a psiquiatria o seduziu pela complexidade do ser humano. “No borderline, encontrei um espelho daquilo que mais me inquietava: intensidade emocional, fragilidade e força coexistindo. Decidi mergulhar nisso, não por acaso, mas por identificação”.

Dr. Fábio está lançando um curso online, chamado “Temperamento, Traço e Transtorno Borderline”, que surgiu da necessidade de educar profissionais e o público. “O autodiagnóstico é um risco real: muita gente lê um post e se rotula. Esse curso nasce para diferenciar nuances, trazer técnica e proteger as pessoas dessa superficialidade”. O curso será lançado na próxima semana e o link estará disponível no Instagram @drfabioschmidt .

Comparar borderline com psicopatia é um erro comum e perigoso, de acordo com o Dr. Fabio Schmidt. “Uma é marcada por sofrimento e caos interno, a outra por frieza e cálculo. Com depressão e ansiedade existem sobreposições, mas o Borderline é mais estrutural e ligado à identidade”, esclarece.

Dentre seus planos e sonhos, Dr. Fabio pretende consolidar o método clínico que está desenvolvendo, ampliar cursos e projetos que desfaçam estigmas e criar um espaço de formação que integre ciência, filosofia e prática clínica. “A médio e a longo prazo quero ser referência em um novo modelo de olhar para a personalidade”, conclui.

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