O programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura, recebeu nesta noite do dia 23 de agosto, o governador de São Paulo João Dória. Para roda de perguntas conduzida pela jornalista Vera Magalhães, também estavam presentes nomes do cenário jornalístico como Joel Pinheiro da Fonseca (Rede Jovem Pan) e Vera Rosa (Estadão). Assuntos relacionados à sua gestão à frente do governo do estado e também sobre o enfrentamento da pandemia foram falados. Outro assunto espinhoso para Dória também veio à tona, a sua relação com o atual presidente. Afinal não é de hoje que o líder do Governo de SP e o presidente eleito trocam farpas, seja em entrevistas, lives, discursos e a situação é transmitida por grande parte dos veículos de informação.
O Governador falou ainda sobre o afastamento do Coronel da PMSP por ação indisciplinar ao convocar a população para a manifestação em prol do governo Bolsonaro no dia 7 de setembro de 2021.
Um fato surpreendeu aos telespectadores. Vera Magalhães em um momento da entrevista perguntou ao governador sobre seu apoio a Jair Messias Bolsonaro nas eleições de 2018. Questionado, João Dória admitiu seu erro em votar e apoiar o até então, na época, candidato à presidência do Brasil. Disse aos presentes que Messias é contra a democracia e a harmonia entre os poderes. E que um dos fatos que mais pesaram para que ele declarasse apoio à rede bolsonarista, foi a presença de Sérgio Moro. O governador ainda se justifica dizendo que não votaria no PT, pois já tinha vencido a disputa eleitoral em 2016, quando disputou a prefeitura da capital paulista com Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores que tentava uma reeleição.
As perguntas sobre a relação Dória x Bolsonaro não pararam por aí: Vera Rosa também o questionou sobre a onda “Bolsodória” no primeiro turno, já que o candidato do PSDB, partido de João Dória, era o ex governador de SP, Geraldo Alckimin. O atual governador prontamente respondeu dizendo que não fez campanha junto a Jair Messias no primeiro turno e que seu voto foi em Alckmin.
E não parou por aí, Eduardo Melo Franco (Jornal O Globo) questionou também o possível candidato à presidência nas eleições de 2022 atribuindo a ele o discurso típico bolsonarista em que a polícia atiraria para matar. João Dória negou que teria dado esta declaração e corrigiu o jornalista dizendo que a polícia de São Paulo não seria complacente com o crime.
O que na verdade deixou os telespectadores surpresos foi a abordagem das perguntas com relação ao apoio dado a Bolsonaro nas eleições de 2018, já que a TV Cultura é mantida pela Fundação Padre Anchieta, em que a verba da emissora recebe doações oriundas do Governo do Estado de São Paulo e também, parte deste montante, de empresas privadas. Fica a questão.
Dória em certo momento da entrevista ainda declarou: “Não votarei nem em Lula e nem em Bolsonaro”.
Muito tem se falado na imprensa e nas redes sociais sobre uma possível candidatura de João Dória à presidência do país para o próximo ano. Especialistas políticos, e muitos veículos apostam no gestor como uma terceira via para combater a polarização política que se centrou em Lula x Bolsonaro. A jornalista Cátia Seabra (Folha de São Paulo) levantou a questão sobre uma possível resistência do PSDB em lançar sua candidatura para 2022.
Neste momento, Dória exaltou grandes nomes do partido como Geraldo Alckmin, Tasso Jereissati e o ex presidente Fernando Henrique Cardoso, o qual declarou ter sido o melhor presidente que o Brasil já teve e encara como uma situação normal a resistência por parte de alguns integrantes de sua base, mas que segue trabalhando em prol de um consenso e união entre todos os nomes do PSDB. Em sua resposta com relação a este tema, citou recente pesquisa Datafolha em que 52% dos entrevistados preferem uma terceira via dentro da disputa eleitoral.
Programas sociais dentro da gestão atual do Governo do Estado de São Paulo também foram comentados na entrevista, como o Vale Gás e a disposição de absorventes para estudantes de escolas públicas.
Vera Magalhães o questionou sobre sua aprovação com relação as vacinas. E João Dória disse acreditar que com o tempo haverá o reconhecimento por parte da população.
Ainda sobre o atual governo federal e também sua candidatura, Dória foi enfático ao dizer que continuará a fazer oposição. Prevê uma eleição difícil, com muitas Fake News, mas alega estar preparado e que continua candidato nas prévias de seu partido.
Em vários momentos o possível candidato da legenda do PSDB foi confrontado pela Jornalista que conduz a roda de conversa, como no momento em que Dória disse que devemos olhar para o presente e não ao passado, resposta dada ao jornalista do O Globo, devido suas declarações que repercutiram na mídia. Vera prontamente disse: “O passado nos trouxe ao presente, é necessário para o contexto”.
Assuntos atuais entre a tensão entre os poderes também foram abordados. O senado, o STF, a PGR e suas atuações. O tema educação também ganhou espaço na roda de conversa com o atual governador. As coligações e parcerias entre expoentes da politica atual também marcaram presença.
No ultimo bloco, Dória é perguntado novamente por Vera Magalhães sobre o a postura do presidente Bolsonaro e declara: Não há nada a ser enaltecido Vera. Há muito a ser condenado”.


