A cerimônia de abertura da primeira edição do Bonito Cinesur – Festival De Cinema Sul-Americano, aconteceu na noite deste último sábado (4), com a apresentação da atriz Dira Paes no palco do Auditório Kadiwéu, no Centro de Convenções de Bonito. O média-metragem “Alma do Brasil”, de 1932 com direção de Líbero Luxardo, teve projeção acompanhada pela Orquestra Prelúdio, sob regência do maestro Eduardo Martinelli.

Dira Paes esteve no Bonito Cinesur
Além do diretor geral do Bonito Cinesur, Nilson Rodrigues, estiveram presentes no evento, diversas autoridades regionais e políticos, além do ator carioca Thiago Lacerda. A atriz Dira Paes, que é de Abaetetuba no Pará, dona de uma carreira premiada marcada por grandes colaborações, participou da abertura. Em entrevista para a repórter Aletheya Alves, do canal Lado B (do jornal Campo Grande News), Dira Paes defendeu que no Bonito Cinesur, “você vai ter uma reverência a América do Sul que não tem em nenhum outro festival do Brasil. Isso cria um diferencial, uma irmandade e possibilidade de dialogar, de se relacionar com os países que são nossos países hermanos”.

Sempre comprometida com uma arte que prestigia diferentes vozes, Dira falou ao jornalista e crítico de cinema Bruno Carmelo, do site e canal Meio Amargo, sobre o importante papel social que um festival como o Festival De Cinema Sul-Americano cumpre. “Eu acho que o festival faz um fomento que não é somente sobre cinema. É sobre a vida do local, sobre as origens, sobre as culturas locais diversas, sobre unir pessoas distantes desses países, desses Brasis. O cinema fala muito mais sobre uma antropologia social, cultural, do que sobre audiovisual. Esta é a função de um festival de cinema.”

O festival, que acontece gratuitamente até o dia 11 de novembro no Centro de Convenções e na Câmara Municipal da cidade de Bonito – MS, oferecerá premiação em dinheiro e o Troféu Pantanal para os melhores filmes escolhidos por um Júri Oficial e pelo voto do público no Júri Popular nas categorias: melhor longa sul-americano, melhor curta sul-americano e melhor filme sul-mato-grossense.
Categorias
Longa-Metragem Sul-Americano
“Lucette” (de Mburucuya Fleitas e Oscar Ayala Paciello)
“La pampa” (de Dorian Fernández Moris)
“Green Grass” (de Ignacio Ruiz)
“El visitante” (de Martin Boulocq)
“La bruja de Hitler” (de Virna Molina e Ernesto Ardito)
E o brasileiro “Mais Pesado É O Céu” (de Petrus Cariry)
Curta-Metragem Sul-Americano
“Sigma” (Allan Riggs e Rubens Sant’Ana)
“Milonga de espino” (Álvaro Leivas)
“Vias” (Pablo Agustin Richards)
“Yigayo yuwuerane” (Ross Dayana López)
“Piedra dura” (Rommel Villa)
“Estrellas del desierto” (Katherina Harder)
As suas exibições serão precedidas das obras da mostra Longa-Metragem Sul-Americano.
Filmes Sul-Mato-Grossenses
“Planuras” (Mauricio Copetti)
“Adão e Eva do Pantanal Sul” (Ara Martins)
“Cordilheira de Amora II” (Jamille Fortunato)
“As Marias” (Dannon Lacerda)
“La plata ivygu – Enterros e Guardados” (Paulo Alvarenga Isidorio e Marcelo Felipe Sampaio) “Cativo” (Albano Pimenta), “De Tanto Olhar o Céu Gastei Meus Olhos” (Nathália Tereza)
“A Outra Margem” (também de Nathália Tereza)
“A Dama do Rasqueado” (Marinete Pinheiro)
Para finalizar, há duas mostras paralelas. A Animasur é uma seleção de animações em curta-metragem voltada sobretudo para os públicos infantil e infantojuvenil, com quatro delas preparadas com recursos de acessibilidade. Já a Mostra Ambiental é representada por documentários e obras de ficção cujas temáticas estão relacionadas ao meio-ambiente.
“Inocência”, dirigido por Walter Lima Jr., foi um dos destaques da programação deste domingo (5), em projeção batizada como Memória BonitoCineSur. Produzido em 1983 por Lucy e Luiz Carlos Barreto, o drama, adaptado do romance homônimo de Visconde de Taunay, é ambientado no Brasil imperial e acompanha um médico itinerante ao conhecer uma moça com malária, por quem se apaixona, sendo correspondido.
O diretor do Festival, Nilson Rodrigues, ressalta que “quer que o evento seja um espaço de encontro da melhor produção cinematográfica da América do Sul e também o ambiente para discutir os nossos mercados, as dificuldades que enfrentamos para termos acesso às nossas cinematografias. A ideia é contribuir para construir alternativas.”
O curador da Mostra de filmes sul-americanos de longa e curta-metragem, José Geraldo Couto, afirma que “a importância deste novo festival é enorme, por tornar a cidade de Bonito (e o estado do Mato Grosso do Sul) um polo importante de difusão e debate da produção cinematográfica contemporânea do continente. O MS está praticamente no centro da América do Sul, fazendo fronteira com a Bolívia e o Paraguai, o que faz dele uma região particularmente apropriada para a veiculação de obras e o intercâmbio de experiências dos realizadores cinematográficos do continente.”
Para complementar, José Geraldo aponta que “a busca pela diversidade temática e estética foi tão importante quanto a exigência de qualidade artística” na escolha das obras selecionadas. O curador afirmou ainda que “os filmes selecionados acabaram se impondo justamente por combinar relevância temática e excelência na realização cinematográfica. Em termos de tema, estão presentes questões candentes da atualidade: políticas, sociais, étnicas, de gênero, etc. Mas esses assuntos são abordados das mais diversas maneiras, e essencialmente cinematográfico, variando do drama ao suspense, do documentário ao fantástico.”
Além das Mostras de filmes, o evento contará com ampla programação com atividades formativas, fóruns de discussões sobre mercado de cinema e audiovisual na América do Sul, encontro com produtores e realizadores, oficinas de roteiro, de elaboração de projetos audiovisuais e de coprodução internacional e shows com convidados muito especiais.