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Analice Nicolau
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Dia Nacional do Médico de Família: por que médicos de família ainda são raridade no Brasil?

Dra. Rafaella Reggiani, Médica de Família da Sami Saúde, aponta os principais desafios da área

Analice Nicolau

05/12/2024 18h30

A medicina de família e comunidade (MFC) surgiu no Brasil na década de 1970 como parte central da atenção primária (APS), projetada para fornecer serviços de saúde acessíveis e contínuos que respondam de perto às necessidades das pessoas. Hoje, no Dia Nacional do Médico de Família e mais de 50 anos depois, essa especialidade ainda é uma raridade. Isso porque o Brasil tem 2,9 mil médicos de família e comunidade, o número representa apenas 0,35% do total de profissionais especializados nas mais diversas áreas, segundo o Índice de Educação Médica desenvolvido pela Associação de Apoiadores Independentes de Educadores de Ensino Superior (AMIES) em colaboração com o portal Melhores Escolas Médicas.

Para a Dra. Rafaella Reggiani, Médica de Família da Sami Saúde, a Medicina de Família e Comunidade (MFC) enfrenta resistência significativa pela população, devido à falta de conhecimento sobre a Atenção Primária à Saúde (APS) e à resolutividade que o médico de família pode ter. “Na prática, o desconhecimento do papel estratégico da Medicina da Família na coordenação do cuidado e na prevenção de doenças leva a uma visão limitada sobre sua importância. As pessoas têm frequentemente o impulso de ir direto ao especialista, sem considerar o valor de um acompanhamento com o médico de família, associando a atenção primária à baixa complexidade e resolutividade, ignorando o impacto a longo prazo de um cuidado contínuo e preventivo mais eficaz e humano”, destaca.

“Sem essa especialidade em ação na proporção de grande escala, o sistema de saúde brasileiro vai continuar enfrentando sérios problemas: falta de organização, serviços caros e falta de atendimento à maioria da população. Esses fatores tornam o setor de saúde insustentável, causando grandes prejuízos. A prova disso é que, de acordo com pesquisas realizadas pelas principais organizações de mídia do mundo, os cuidados de saúde familiar e comunitária respondem às necessidades assistenciais em pelo menos 90% dos casos e potencializam o uso dos recursos com um alto sentido humano”.

Por isso, a profissional reforça que reeducar essa visão é primordial, pois a Medicina de Família e Comunidade (MFC) é um pilar para um sistema de saúde sustentável, especialmente em um país como o Brasil, que enfrenta colapsos recorrentes em seus serviços de saúde. “A Medicina da Família, sem dúvidas, tem o potencial de atuar na prevenção de doenças e na coordenação de cuidados, reduzindo a sobrecarga em hospitais e serviços de alta complexidade. É um erro estratégico não valorizar uma área que pode organizar e melhorar o fluxo de pacientes”, finaliza Rafaella.

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