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Analice Nicolau
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Como transformar talento em um negócio de bilhões

Colunista Analice Nicolau

09/10/2025 15h02

Zora Viana – Especialista Educacional

Economia Criativa movimenta mais de R$ 393 bilhões no Brasil. Setor une cultura, tecnologia e empreendedorismo, mas exige mais do que boas ideias para prosperar

O que o design de uma cadeira, o roteiro de um filme e o código de um aplicativo têm em comum? Todos são frutos da criatividade humana. Mas, em um mundo cada vez mais conectado, eles deixaram de ser apenas expressões artísticas ou soluções técnicas para se tornarem o motor de um dos setores mais promissores da economia global: a Economia Criativa.

Fazer da sua criatividade um negócio real e altamente lucrativo não é mais um sonho distante, mas uma realidade consolidada. E os números provam isso. No Brasil, o setor já é uma potência. Segundo o mais recente Mapeamento da Indústria Criativa da Firjan, o setor foi responsável por 3,59% do PIB em 2023, movimentando impressionantes R$ 393,3 bilhões. Além disso, gerou 1,26 milhão de empregos formais, um crescimento de 6,1% em relação ao ano anterior, quase o dobro do avanço do mercado de trabalho nacional.

Na sua nova coluna, a jornalista Analice Nicolau mergulha no universo da Economia Criativa, um setor que já movimenta mais de R$ 393 bilhões no Brasil. Descubra como transformar talento e ideias em negócios lucrativos, conheça cases de sucesso como o Porto Digital e o Catarse, e entenda os passos práticos para empreender nesta área. Com a análise da especialista Zora Viana, o artigo aborda desde o planejamento e a busca por financiamento até a importância de políticas públicas para o crescimento do setor. Uma leitura essencial para quem deseja unir paixão, cultura e estratégia para construir um empreendimento sólido e inovado
A Especialista Educacional; Zora Viana

Esses dados desmistificam a velha noção de que criatividade é apenas “arte”. Hoje, criatividade é economia, e uma das mais poderosas. Seu grande diferencial está em valorizar o que não se pode tocar; cultura, originalidade, histórias e, principalmente, conexões emocionais. Para os empreendedores, isso se traduz em uma nova forma de fazer negócios. Significa identificar necessidades ainda não atendidas com um olhar sensível, desenvolver produtos com uma identidade forte que geram diferenciação e criar campanhas que transformam clientes em fãs.

Inspiração não falta. O Porto Digital, em Recife, é um dos maiores exemplos. O que começou como um projeto de revitalização urbana hoje é um ecossistema que reúne mais de 350 empresas de tecnologia e criatividade, com um faturamento anual de R$ 4,75 bilhões e mais de 17 mil profissionais empregados. Outro caso é o Catarse, a primeira plataforma de financiamento coletivo do país, que já viabilizou milhares de projetos, arrecadando milhões para artistas, cineastas e inovadores.

Mas como entrar nesse universo com os dois pés? Conversei com Zora Viana, empresária e especialista em empreendedorismo educacional, que reforça a necessidade de aliar paixão à gestão. “O primeiro passo é dar forma à ideia, mesmo que pequena, com um plano que responda a três perguntas: quem eu quero impactar, como vou chegar até essas pessoas e de que forma isso se paga? A formalização, seja como MEI ou microempresa, abre portas para crédito e segurança jurídica”, explica.

Zora é enfática ao dizer que sonhar não basta. “É preciso traduzir a criatividade em um modelo de negócio claro. Parcerias estratégicas, presença digital e planejamento para escalar são pilares que transformam talentos em empreendimentos sólidos. Criatividade sem gestão é arte isolada; criatividade com gestão vira economia”, finaliza.

O caminho, no entanto, ainda tem seus desafios. Barreiras como o acesso a financiamento adequado ainda existem, como vimos no recente caso da Feira Preta, maior evento de cultura negra da América Latina, que precisou adiar sua edição por falta de patrocínio, expondo a fragilidade que muitos empreendedores, especialmente os de grupos minorizados, enfrentam.

É aqui que as políticas públicas se tornam cruciais. “Políticas bem estruturadas funcionam como solo fértil. Editais, incubadoras e programas de capacitação oferecem não só recursos, mas também rede e aprendizado de gestão. Cada real investido em economia criativa gera retorno em inovação, empregos e diversidade cultural. É um setor que movimenta a economia e fortalece o tecido social do país”, complementa Zora.

Com uma projeção de gerar mais de 1 milhão de novos empregos até 2030, o horizonte da Economia Criativa é promissor. Empreender neste setor não é apenas uma chance de ganhar dinheiro; é uma oportunidade de criar significado, conectar pessoas e valorizar nossa cultura com inteligência econômica.

Se você tem uma ideia guardada na gaveta, chegou a hora de transformá-la em um negócio. Com planejamento, apoio e muita paixão, essa faísca pode se tornar o próximo grande sucesso brasileiro.

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