Conviver em condomínio nem sempre é tarefa fácil. Com rotinas, personalidades e expectativas diferentes, é comum que síndicos se deparem com moradores difíceis — aqueles que insistem em desrespeitar regras, desafiam decisões ou simplesmente tornam o ambiente coletivo mais tenso. Mas como manter a ordem sem perder a compostura?
Para Juliana Moreira, síndica profissional com quase três décadas de experiência no setor condominial, a chave está na comunicação assertiva e no respeito às normas. “Essa pergunta aparece em quase toda palestra que dou: ‘Como lidar com moradores difíceis?’ Sempre respondo que a comunicação é a melhor ferramenta de um síndico, mas que nem sempre será possível agradar a todos.”
Segundo ela, o maior erro é tentar resolver tudo com base em emoções. “O síndico precisa manter uma postura firme, respeitosa e baseada em regras — não em opiniões ou sentimentos pessoais. Saber dizer ‘não’ com clareza e segurança é parte do trabalho.”
Juliana, que é CEO da empresa Sindicompany e fundadora da plataforma Condo Academy, reforça que o bom gestor deve agir como um mediador: ouvindo, explicando e buscando o equilíbrio. Mas quando o morador ultrapassa os limites, o síndico deve recorrer às ferramentas legais disponíveis, como notificações, advertências e, em casos mais graves, ações judiciais.
Estratégias para o dia a dia
Entre as boas práticas indicadas por especialistas do setor, estão:
– Manter a documentação em dia: decisões precisam ser baseadas na convenção do condomínio, no regimento interno e nas atas de assembleia. Ter esses documentos organizados facilita a argumentação e reduz conflitos.
– Registrar ocorrências: anotar datas, horários e detalhes das situações ajuda na construção de um histórico que pode ser útil, caso a situação evolua.
– Evitar confrontos pessoais: o síndico deve evitar discussões acaloradas. Em vez disso, deve conduzir as conversas com calma, buscando soluções práticas e legais.
– Buscar apoio jurídico: contar com orientação de um advogado especializado pode evitar erros e garantir que as medidas estejam alinhadas à legislação.
– Desenvolver inteligência emocional: lidar com críticas, cobranças e até ofensas faz parte do dia a dia de quem está à frente de um condomínio. Preparar-se psicologicamente é essencial para não se deixar abalar.
Para Juliana, o papel do síndico hoje é semelhante ao de um gestor empresarial. “Administrar um condomínio exige técnica, estratégia e, acima de tudo, equilíbrio emocional. Não dá para agir no impulso. A liderança precisa ser consciente e baseada em princípios.”
No fim das contas, moradores difíceis sempre vão existir — mas a forma como o síndico lida com eles pode fazer toda a diferença no clima do prédio. E quando a gestão é profissional, os resultados aparecem: mais respeito, menos conflito e um ambiente mais saudável para todos.