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Analice Nicolau
Analice Nicolau

Como a aliança Brasil-África começa a mudar o mapa dos negócios

Colunista Analice Nicolau

17/11/2025 7h34

A aliança estratégica entre Brasil e África ganha força com o evento histórico promovido pelo Brasil África Institute em São Paulo. A parceria entre CLAPI e Afro Chamber conecta empresários, ministros e líderes para impulsionar negócios e cooperação econômica Sul-Sul. Descubra como essa união inaugura um novo mapa de oportunidades, integrando mercados e promovendo inovação, industrialização e investimentos em setores-chave como agronegócio, energia e tecnologia. Prepare-se para os próximos passos dessa ponte que une dois continentes rumo à prosperidade compartilhada.

A união da Clapi Club e Afro Chamber

Em evento histórico em São Paulo, a parceria entre o CLAPI e a Afro Chamber, sob a chancela do Brasil África Institute, reuniu ministros, CEOs, influenciadores e artistas para dar início a uma nova era de cooperação Sul-Sul

Há momentos que definem uma década. Em São Paulo, neste mês de novembro, a história acelerou. O que se viu no Fórum do Brasil África Institute, presidido por João Bosco, não foi apenas um evento, mas a fundação de um novo corredor de prosperidade. A parceria estratégica firmada entre o CLAPI (que já conduziu a criação da primeira escola de negócios em Angola – Clapi Angola), sob a liderança de Daniel Cavaretti e Clara Medeiros, e a Afro Chamber, presidida por Rui Mucaje, representa a mais ambiciosa iniciativa para conectar o potencial do Brasil ao futuro do continente africano, um mercado vibrante de 3 trilhões de dólares.

“Estamos no momento ideal para todos pararem para pensar novos caminhos. Contexto histórico é um dos principais ingredientes para o sucesso de um negócio. Pioneirismo também. Por enquanto faltam espaços nos lugares em que todos sempre estão, sobram oportunidades em territorios como o Africano” diz Daniel Cavaretti, um dos grandes destaques atuais da Inovação e do Empreendedorismo do país.  

O primeiro dia, no Hotel Renaissance, foi uma imersão na alma desta nova aliança. A energia não era de uma conferência formal, mas de um reencontro estratégico. Nas salas e corredores, empreendedores brasileiros e africanos não trocavam apenas contatos, mas um olhar de reconhecimento mútuo, a linguagem universal das oportunidades.

Hotel Renaissance em São Paulo

Os painéis e as rodadas de negócios foram o alicerce intelectual do encontro. Debates sobre inovação, mercado e comunicação foram conduzidos por um time de notáveis. A jornalista Judith Brito, a executiva de mídia Marina Machado e a estrategista Raquel Kerber trouxeram a perspectiva da comunicação e da construção de narrativas. Joca Guanaes, um dos grandes nomes da publicidade brasileira, e Daniel Cavaretti, se uniram para discutir a criação de marcas com propósito global. A fala de Simone Viotto sobre a “mentalidade do pioneiro” ressoou com força, instigando a audiência a ter a coragem de construir mercados em vez de apenas competir nos já existentes.

Enquanto as ideias fluíam, a arte de DicesarLove emprestava cor e forma ao espírito do evento. Sua exposição de quadros cubistas, celebrando a união na diversidade, foi mais do que decoração; foi uma declaração de intenções. A cultura, com a força de sua ancestralidade compartilhada, é o grande diferencial competitivo desta aliança. A campanha de DicesarLove inspirada em Nelson Mandela, que prevê a criação de um mural em São Paulo e outro em uma grande cidade Africana, simbolizou uma das missões desse, e dos demais encontros do Clapi : inspirar novas lideranças transformadoras. 

A presença de Margot Park enriqueceu as discussões, trazendo uma visão global sobre investimentos de impacto. E no final dos painéis o grupo já foi para a ação. Rodadas de negócios permitiram que o Clapi já assinasse acordos de M&A, intenções de investimentos e acordos de cooperação relacionados com Tecnologia e Industrialização, dando passos importantes para novos negócios ligados com essa integração Brasil – África. Grandes grupos brasileiros manifestaram interesse em participar da Afro Chamber e passaram a estudar como fazer expandir os seus negócios para a África. 

Se o primeiro dia construiu a confiança, o segundo dia selou o compromisso. A plenária principal demonstrou um alinhamento raro entre o poder público e o setor privado, sinalizando que a ponte Brasil-África é, agora, uma política de Estado. A presença de Celso Amorim, Assessor-Chefe da Presidência da República, e de Carlos Spergio Sobral Duarte, Secretário de África e Oriente Médio do MRE, conferiu peso diplomático e estratégico ao evento. O Ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) destacou as sinergias no agronegócio, um dos setores de maior potencial.

O poder econômico se fez representar em peso. Miguel Azevedo, Head do Banco de Investimentos para Oriente Médio e África do Citigroup, desenhou o mapa do capital internacional. Luiz Lessa, Presidente do Banco da Amazônia, e Alberto Martinhago Vieira, Diretor do Banco do Brasil, mostraram a disposição das instituições financeiras nacionais. Mônica Monteiro, Vice-Presidente da CNBC Times Brasil, falou sobre a importância da narrativa econômica para atrair investimentos.

Do lado da indústria e energia, Fred Lamego (CNI), Radaes Fronchetti Picoli (Petrobras) e Rodrigo Regis Galvão (ELETROBRAS) detalharam as oportunidades em infraestrutura e transição energética. A presença de Enio Verri, Diretor-Geral da Itaipu Binacional, e do representante do Ceará, Evandro Leitão, reforçou a capilaridade do projeto em níveis estaduais.

A dimensão internacional foi coroada pela participação de Reem Bint Ebrahim Al Hashimy, Ministra de Estado para Cooperação Internacional dos Emirados Árabes Unidos, e de Aristide De Balla Moro Sidibé, CEO da Mali Airlines, abrindo as portas para uma cooperação triangular.

Daniel Cavaretti e Clara Medeiros; fundadores da Clapi Club

Por fim, o evento culminou com o anúncio de mais passos concretos: a criação de um hub pelo Clapi e pela Afro Chamber para apoiar empreendedores que querem expandir os seus negócios para a África – bem como debater de forma permanente a participação do Brasil no processo de Industrialização e Criação de Tecnologias e a organização de uma missão empresarial que, no início de fevereiro, levará empresários do Brasil e, pela primeira vez, da Argentina, Chile e Peru para a África. E na última semana de fevereiro de 2026 será a vez das lideranças Africanas e Sul-americanas se reunirão nos dias 26, 27 e 28 na 5º Edição do Clapi Club São Paulo

A mensagem final é um chamado para olhar para o Atlântico não mais como uma barreira. Ele é agora o centro de um novo mapa de oportunidades. Para os visionários, os pioneiros e os corajosos, a ponte está construída. Basta ter a determinação de atravessá-la.

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