Com previsão de aumento de 75,8% dos casos de diabetes até 2040, a tecnologia auxilia amputados devido à doença. Diabetes pode causar feridas nas extremidades dos membros, o que pode resultar na necessidade de cirurgias de retirada de pés e pernas.
Pelo menos 62 milhões de pessoas no continente americano convivem com a diabetes. O número, de 2022, é da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), mas pode ser ainda maior. Isso porque, de acordo com a instituição, muitas pessoas não sabem que têm a doença. Até 2040, os países da região devem ter, juntos, 109 milhões de diabéticos, aumento de 75,8%. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 13 milhões vivem com a doença, ou seja, 6,9% da população.

O desenvolvimento de próteses com tecnologia adequada pode dar independência e qualidade de vida
Segundo a médica fisiatra Andrea Thomaz Viana, uma das principais complicações da doença é a amputação de membros causada pelo pé diabético, uma condição em que ocorre o aparecimento de feridas, geralmente nas extremidades dos membros inferiores, pela alteração de sensibilidade nessas regiões, conforme explica a médica Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) mais da metade dos casos de amputações de membros no país feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) envolvem pessoas com diabetes, dentro de um universo de 282 mil cirurgias de retiradas de membros que ocorreram no Brasil entre janeiro de 2012 e maio de 2023. . “Nesses casos, percebe-se dificuldade de cicatrização nas feridas em decorrência da má oxigenação dos tecidos, o que aumenta o risco de infecções e de amputação dos membros”, afirma Andrea.

Ottobock trabalha no desenvolvimento de tecnologias voltadas para melhorar a mobilidade de a,putados
Créditos: Ottobock
Pessoas que sofreram amputações por diabetes necessitam do retorno às suas atividades e melhoria na autoestima, devido às mudanças causadas pela cirurgia. Por isso, o desenvolvimento de próteses com tecnologia adequada para dar independência e qualidade de vida, torna-se essencial. “Passar pelo procedimento de retirada de um membro é uma mudança de vida significativa para uma pessoa. Por isso, o equipamento precisa atender a uma pessoa de maneira que possa colocá-la, da melhor forma possível, de volta a sua rotina familiar, de trabalho, esportes e lazer”, explica o diretor de academy da Ottobock na América Latina, Thomas Pfleghar. A empresa trabalha na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas para melhorar a mobilidade de pessoas com deficiência.
A prótese utilizada por uma pessoa que passa pelo procedimento depende do tipo da amputação que ela sofre, conforme explica Pfleghar. São dois níveis de cirurgias dos membros inferiores: transtibial (quando é retirada parte da perna abaixo do joelho) ou transfemoral (para as amputações acima do joelho). Na opinião do diretor de academy da empresa, a chegada da pessoa para fazer a protetização, ou seja, utilizar o equipamento, é só o primeiro passo depois do atendimento médico e da cirurgia. “É importante que a pessoa passe por sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e demais acompanhamentos para se adaptar ao uso da prótese. Sem o olhar sensível de uma equipe multidisciplinar, a tecnologia sozinha e o paciente, mesmo com sua determinação, não conseguem superar possíveis dificuldades”, afirma.
A médica fisiatra alerta ainda para a necessidade de atenção dos pacientes diabéticos para a vigilância sobre a doença mesmo após a amputação de um membro. Um dos fatores que deve ser considerados é a estabilização do paciente. “A pessoa precisa entender a importância do controle da glicemia e como as medicações devem ser usadas para a continuidade do tratamento”, diz.
A especialista ainda aponta que a pessoa precisa fortalecer os cuidados com o membro residual (a parte que ainda resta da perna, por exemplo, após a cirurgia) e de outros membros do corpo, para que novas feridas não apareçam. “É fundamental evitar que outros eventos como esse aconteçam, pois podem resultar em novas infecções. Afinal, já que o diabetes não tem cura, a pessoa permanece com a doença”, alerta. A médica indica que os pacientes devem olhar diariamente os membros e usar calçados e palmilhas adequados (que permitam a distribuição mais uniforme das pressões e prevenção de surgimento de novas feridas).