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Analice Nicolau
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Clara de Carvalho revela segredos para começar a apreciar vinhos e harmonizações sem complicação

A multifacetada sommelier e influencer revela os segredos para iniciantes apreciarem vinhos, com dicas práticas de harmonização e os erros que devem ser evitados. Veja como transformar qualquer taça em uma experiência inesquecível!

Analice Nicolau

22/08/2025 16h30

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Clara Carvalho revela dicas para começar no mundo dos vinhos sem medo de errar.

Em um universo muitas vezes cercado de jargões complexos e uma aura de sofisticação inatingível, a sommelier Clara de Carvalho surge com um discurso acolhedor. Advogada, corretora de imóveis, avaliadora judicial e influenciadora digital, Clara une a precisão técnica de suas outras profissões a uma paixão contagiante pelos vinhos. Sua missão é provar que a bebida de Baco é, antes de tudo, sinônimo de prazer e deve ser acessível a todos.

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Para a sommelier, o vinho não precisa ser elitista ou complicado.

Apaixonada pelo universo das uvas, terroirs e harmonizações, Clara conta que o vinho é uma experiência cultural, sensorial e afetiva. “Minha paixão pelo vinho nasceu de uma curiosidade simples: aprender a beber aquilo que eu realmente gosto. Cada taça parecia me contar uma história — de terra, de clima, de sabores únicos e das pessoas que participaram do processo.”

Com uma rotina diversificada e repleta de demandas, Clara compartilha que o vinho ocupa um espaço especial em sua vida, fala sobre a sua jornada e desvenda, com simplicidade e propriedade, os caminhos para quem deseja dar os primeiros passos nesse mundo fascinante.

“Ser sommelier é apenas uma das minhas facetas, mas é aquela que me conecta com algo profundamente humano: o prazer de compartilhar conhecimento e experiências regadas de muito carinho com amigos e familiares através do vinho”, afirma.

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Para a sommelier, o vinho não precisa ser elitista ou complicado.

Por onde começar no universo dos vinhos
Para quem está iniciando a jornada, Clara recomenda leveza e curiosidade. Mas acima de tudo, escolher com o coração, leve e sem medo. “O segredo é buscar vinhos de produtores reconhecidos, ainda que simples, e de regiões tradicionais. Uma dica prática é conversar com vendedores especializados, explique que está começando e peça algo equilibrado, nem muito doce, nem muito seco, mas que se adeque ao seu paladar, afinal, beber o que gostamos é o que realmente importa”, conta.

Entre os estilos ideais para iniciantes, ela sugere brancos jovens e frutados, como Sauvignon Blanc ou Pinot Grigio, e tintos mais leves como Pinot Noir ou Merlot. Já vinhos encorpados e envelhecidos devem ser deixados para depois: “Evite vinhos muito encorpados e tânicos, como Cabernet Sauvignon de regiões quentes, ou vinhos muito amadeirados. Eles podem soar ‘pesados’ para quem ainda não está acostumado e acabar afastando ao invés de aproximar.”

Degustação e harmonização na prática
A sommelier lembra que degustar um vinho envolve todos os sentidos. “O vinho é uma experiência sensorial completa. Observe a cor contra a luz, sinta os aromas com calma, perceba a textura na boca — se é mais leve, macio, áspero ou sedoso. Cada detalhe acrescenta camadas de prazer à experiência”, explica.

Ela ainda destaca a importância do gesto de girar a taça, o famoso “swirling”. “Arejar o vinho em taça ajuda na oxigenação, pois o contato do vinho com o ar ‘abre’ os aromas, liberando suas moléculas voláteis. Ao girar o vinho em taça, você ajuda a perceber melhor o bouquet (frutas, flores, especiarias, notas de madeira, minerais, húmus, couro, cheiro de chuva, etc.)”, detalha.

Mas a sommelier orienta que o movimento de girar a taça não pode ser aplicado a todas as bebidas. Vinhos muito antigos ou delicados podem perder aromas rapidamente se agitados demais. Nestes casos, é preciso girar com suavidade ou, em alguns casos, não fazer essa movimentação. “Champagnes, cavas, proseccos e espumantes de maneira geral também não devem ser arejados, pois isso acaba com algumas características do vinho, inclusive a tão especial perlage, que são aquelas pequenas borbulhas que flutuam lindamente em taça. Quanto mais finas, persistentes e delicadas, mais qualidade na elaboração do espumante”, exemplifica.

A harmonização pode intimidar muitos iniciantes, mas Clara descomplica com regras simples. Na hora de partir para a prática sem errar é essencial combinar vinhos leves com pratos leves (saladas, peixes, massas simples) e vinhos encorpados com pratos robustos (carnes, molhos intensos). Queijo fresco não tem erro com Sauvignon Blanc, já uma pizza de marguerita combina perfeitamente com um bom Chianti. São harmonizações certeiras e fáceis para qualquer iniciante.

Ela alerta, no entanto, para alguns erros comuns que podem ser evitados. “Um erro clássico é tentar harmonizar vinhos muito tânicos com pratos apimentados. O resultado é agressivo e desagradável. Outro grande erro é usar vinhos doces com pratos salgados complexos, pode gerar choque de sabores”, explica.

Montando uma mini adega com vinhos bons e valores acessíveis
Para quem quer começar a montar uma pequena coleção, Clara sugere cinco rótulos-chave: “Um espumante brut, um branco fresco (Sauvignon Blanc), um rosé versátil, um tinto leve (Pinot Noir) e um tinto mais encorpado (Cabernet ou Syrah). Com esses cinco estilos, você cobre a maioria das situações do dia a dia.” Ela ainda confessa uma preferência pessoal: “Sempre que estou em dúvida, escolho um português e nunca erro. Em especial, os do Alentejo, que costumam trazer vinhos macios, aromáticos e com excelente relação qualidade-preço. Também vale prestar atenção na região do Douro, que oferece blends mais estruturados, com ótima longevidade e muita personalidade.”

A sommelier também desmistifica a ideia de que vinho de qualidade é necessariamente caro. Quem está começando nesse universo com certeza não precisa investir muito no início. “O mundo dos vinhos é vasto, e países do ‘Novo Mundo’, como Chile e Argentina, ou do ‘Velho Mundo’, como Portugal e Espanha, oferecem rótulos excelentes por valores acessíveis. O mais importante é estar aberto a experimentar e encontrar estilos que agradem ao seu paladar, sempre respeitando a sua disponibilidade financeira.”

Uma paixão que virou profissão e experiências transformadoras
Entre suas vivências mais marcantes, Clara recorda da Toscana: “Minha experiência na Toscana, ao provar os Brunellos di Montalcino diretamente no seu terroir, foi transformadora. Perceber como cada safra carrega a força da terra, a tradição da região e a paixão dos produtores me fez entender o vinho não apenas como bebida, mas como expressão cultural viva.”

Ela também lembra com carinho dos vinhos simples tomados em restaurantes familiares na Itália: “Ali percebi que o vinho pode ser grandioso em sua sofisticação, mas também encantador em sua simplicidade.”

A paixão de Clara pelo vinho nasceu de uma busca genuína por autoconhecimento e transformar isso em profissão foi um passo natural para quem, como ela, gosta de ter propriedade sobre seus interesses. Como mulher em um ambiente ainda muito masculino, ela enxerga os desafios como motivação. “O maior desafio é ser constantemente testada e precisar provar minha competência em dobro. Mas isso me dá ainda mais força para abrir caminhos e inspirar outras mulheres.”

Nas redes sociais, seu objetivo é transmitir essa mensagem de inclusão e prazer. “Busco mostrar que o vinho não precisa ser elitista ou complicado. Ele existe para ser apreciado, compartilhado e vivido.” Ela quer que seus seguidores se sintam à vontade, “como se estivessem conversando com uma amiga que entende do assunto, mas fala com simplicidade.”

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