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Analice Nicolau
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Cirurgião Plástico Alerta sobre Cultura da Imagem e Riscos de Procedimentos Estéticos no Brasil

Casos como o recente falecimento de um empresário após um procedimento com Fenol, realizado por indivíduos sem qualificação, podem se tornar mais frequentes

Analice Nicolau

14/06/2024 10h30

O cirurgião plástico Josué Montedonio, que tem se pronunciado sobre a busca incessante por e sua propagação nas redes sociais, alerta que casos como do paciente que veio a óbito depois de procedimento com Fenol sem acompanhamento médico especializado tendem a crescer.

Ele destaca que essa tendência é influenciada por vários fatores socioculturais e econômicos.

Montedonio afirma que o Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas, uma posição que pode parecer contraditória, considerando que o país é conhecido mundialmente pela aparência diversa de beleza de sua população. Ele explica que, em um país onde a população muitas vezes é privada de educação de qualidade, a imagem pessoal e o corpo se tornam importantes meios de ascensão social. Muitas pessoas veem na aparência física uma maneira de melhorar suas oportunidades sociais e profissionais.

“Eu estava lendo um livro sobre antropologia que aborda exatamente essa procura por procedimentos rápidos, fáceis e baratos. Em um país como o Brasil, essa busca torna-se um meio de galgar um novo espaço, seja comercial, de exposição ou na mídia,” explica Dr. Montedonio. Ele observa que essa pressão para alcançar o corpo ideal leva muitas pessoas a se submeterem a procedimentos arriscados com profissionais não qualificados.

Essa procura desenfreada por melhorias estéticas, alimentada pelas redes sociais e pela busca por padrões de beleza idealizados, tem resultado em um aumento de incidentes graves, incluindo mortes, decorrentes de procedimentos mal realizados. Muitos indivíduos se deixam influenciar por fotos de “antes e depois” publicadas online, sem considerar os riscos envolvidos ou a qualificação do profissional.

“Num país onde a educação é escassa, o corpo acaba sendo um bem de consumo. Muita gente não mede os riscos e se submete a procedimentos com profissionais incompetentes e sem a mínima retaguarda, o que é alarmante,” alerta Dr. Montedonio.

Ele destaca a importância de pesquisar cuidadosamente antes de escolher um profissional para realizar procedimentos estéticos. É essencial garantir que o médico seja qualificado, experiente e comprometido com a segurança do paciente. Além disso, é crucial verificar se o local onde o procedimento será realizado possui a infraestrutura adequada e protocolos de segurança rigorosos.

As recentes mudanças nas regras de publicidade médica estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que agora permitem a exposição de fotos pré e pós-operatórias, desde que a privacidade dos pacientes seja mantida, trazem uma nova dimensão a essa discussão. A Resolução CFM nº 2.336/2023 permite o uso de imagens para fins educativos, seguindo critérios específicos. No entanto, Dr. Montedonio expressa preocupação com a manipulação de imagens e a publicação de conteúdos apelativos e sensacionalistas.

“Por não concordar com a publicação de conteúdos cada vez mais apelativos e sensacionalistas, muitas vezes com manipulação de imagens, procuro explicar de forma ética e didática, para quem busca informações sobre procedimentos, através de ilustrações e animações lúdicas e leves, desmistificando algumas crenças e falsas verdades,” afirma Dr. Montedonio.

Ele conclui ressaltando a importância de manter a ética médica e o compromisso inabalável com a saúde e o bem-estar dos pacientes. Dr. Montedonio espera que as autoridades reguladoras de saúde estabeleçam diretrizes rigorosas para preservar os mais altos padrões éticos na medicina estética e na cirurgia plástica, garantindo assim a integridade e segurança dos pacientes.

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