No Brasil, a cirurgia plástica em crianças e adolescentes tem se tornado mais comum do que se imagina, com mais de 115 mil procedimentos realizados anualmente em menores de 18 anos, de acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (2018). Essas intervenções são motivadas por diversas razões, que vão além da estética, buscando solucionar problemas de saúde física e psicológica.

Os motivos que levam pais e responsáveis a procurarem cirurgiões plásticos para seus filhos estão ligados principalmente à correção de deformidades adquiridas, como consequência de queimaduras, sequelas de acidentes domésticos, mordidas de animais, cicatrizes, ou questões congênitas, como lábio leporino, fenda palatina e “orelha de abano”. Além disso, essas intervenções também podem auxiliar no tratamento de problemas psicológicos causados por alterações físicas, que frequentemente estão relacionadas a episódios de bullying, baixa autoestima e ansiedade.

O cirurgião plástico Fabio Nahas, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e com atuação nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanes, enfatiza que a culpa do bullying sofrido pela criança não deve ser atribuída a ela, mas sim a quem o pratica. No entanto, os efeitos psicológicos dessas situações podem impactar o desenvolvimento da criança, afetando sua interação social e desempenho escolar, o que são fatores de grande atenção durante a infância.
Além dos aspectos psicológicos, a cirurgia plástica em crianças também pode tratar questões relacionadas à saúde física, como o crescimento excessivo das mamas em meninas, que pode resultar em dores nas costas e prejudicar o desenvolvimento infantil. E a boa notícia é que no Brasil, é possível realizar esse tipo de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde que haja uma indicação médica formal, comprovando a necessidade da cirurgia para a saúde física ou psicológica da criança.
A segurança das crianças durante esses procedimentos é uma preocupação central para os pais. Atualmente, a medicina conta com avanços tecnológicos que oferecem uma segurança ainda maior. Dispositivos como o oxímetro de pulso monitoram o teor de oxigênio no sangue durante o procedimento, permitindo um controle mais preciso. Além disso, a capacidade de avaliar os níveis de gás carbônico no sangue e medir as ondas cerebrais do paciente dá ao anestesista a possibilidade de personalizar a anestesia de acordo com as necessidades específicas de cada criança.
Com o auxílio dessas tecnologias, o controle de complicações e resultados assume uma posição de prioridade no âmbito da cirurgia plástica, especialmente quando se trata de procedimentos realizados em crianças ou adolescentes. Isso proporciona mais tranquilidade e confiança aos pais que optam por esse tipo de tratamento, que desempenha um papel fundamental na promoção de uma infância mais saudável e feliz.