Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

Câncer e fertilidade: um desafio que pode ser superado

O tratamento oncológico pode afetar a fertilidade, mas existem soluções para realizar o sonho da maternidade

Analice Nicolau

23/10/2023 12h30

Nos últimos anos, o câncer tornou-se uma realidade para um número crescente de pessoas no Brasil, sendo a segunda maior causa de mortalidade, superada apenas por doenças cardiovasculares. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de próstata lidera os casos em homens, com 71 mil ocorrências em 2023, enquanto o câncer de mama é predominante entre as mulheres, com 73 mil casos. O INCA estima que, até 2025, o Brasil terá cerca de 704 mil novos casos de câncer, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste.

Um dado alarmante é o aumento de 80% nos casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos nos últimos 30 anos. Esse aumento é atribuído a fatores como sedentarismo, consumo de álcool, tabagismo, dieta inadequada, exposição ao sol e outros hábitos prejudiciais à saúde na vida moderna. Além disso, infecções, como o papilomavírus, o HIV, as hepatites B e C, e as infecções pelo HTLVI e HTLVII, também estão associadas a um maior risco de desenvolver câncer, além dos casos hereditários, mais comuns no câncer de mama e ovário.

No entanto, o tratamento do câncer, que frequentemente inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia, pode afetar a fertilidade dos pacientes. Anualmente, de 20 a 30 mil pacientes diagnosticados com câncer estão na faixa etária reprodutiva e desejam engravidar. Os tratamentos oncológicos visam eliminar as células cancerígenas, mas podem, ao mesmo tempo, prejudicar as células saudáveis, impactando a fertilidade de forma transitória ou permanente. A gravidade desse impacto depende do tipo de tratamento, da dose, da área de radiação e da idade do paciente.

Para aqueles que desejam preservar a oportunidade de serem pais no futuro, existem alternativas. Uma delas é o congelamento de óvulos, espermatozoides ou embriões, um procedimento que deve ser realizado antes do tratamento oncológico. Em casos em que a paciente não pode gerar naturalmente, como quando o útero é retirado, a opção pode ser a útero-substituição. Medicamentos injetáveis, como antagonistas de GnRH, também podem ser utilizados.

A Dra. Zoila Medina, ginecologista associada à Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), destaca a importância da criopreservação de gametas e tecidos. É como “guardar um embrião em uma área segura para ser recolocado na paciente após o tratamento, para que ele não sofra o impacto da radioterapia”, afirma. É uma forma de garantir que o desejo de ser pai ou mãe genético não seja prejudicado pela doença.

Após a gravidez, os riscos são semelhantes aos de mulheres sem câncer, incluindo fatores como idade, histórico genético e saúde geral. Embora não haja indícios de que a gravidez aumente o risco de recorrência do câncer, é fundamental que a paciente mantenha um estilo de vida saudável e um acompanhamento médico durante todo o processo. A jornada da maternidade após o câncer é um exemplo de superação e esperança, onde a medicina e a determinação se unem para realizar sonhos.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado