Um censo escolar realizado em 2024 registrou um crescimento de 44,4% dos alunos com transtorno do espectro autista na educação básica, determinando que o número desses estudantes saiu de 636 mil para 920 mil. Em comparação com a porcentagem dos matriculados presentes na educação especial, que em 2020 somavam 58,7%, esse índice é bastante expressivo e carrega uma importância, quando há uma dificuldade em se ater aos dados da incidência do autismo de maneira geral. Ou seja, as escolas acabam funcionando como uma espécie de mapa para esse aumento.

Os casos de pessoas com autismo presentes em todas as faixas etárias vêm estimulando ações que propiciam a inclusão e conscientizam, para além das mães e pais de crianças que estejam no espectro, todos aqueles que, a partir dessas medidas, possam proceder de maneira adequada, o que inclui a valorização da diversidade para que o ambiente escolar possa ser aperfeiçoado e o pensamento rígido das escolas convencionais seja modificado.
“Em maio deste ano, o IBGE publicou um recorte do censo demográfico realizado em 2022, que identificou que cerca de 2,4 milhões de pessoas têm o diagnóstico de TEA, o que equivale a 1,2% da população. Esse índice fez com que as pessoas se questionassem sobre as gerações passadas, pontuando se não se trata de uma ‘epidemia’, mas a verdade é que o acesso à informação moldou a forma com que as pessoas se preocupam com a saúde mental, levando-as a percepções antes não relevadas e até a desconfianças de si mesmas. Muitos adultos são diagnosticados tardiamente”, disse Juliana Barbato, psicóloga especialista em autismo e neurodivergências.
Os homens se destacam entre o público vigente, com 1,4 milhão entre os casos, ante 1 milhão das mulheres. Por faixa etária, a maior prevalência se concentrou em meio às crianças de 5 a 9 anos. E esses números não se restringem somente ao Brasil, já que, nos Estados Unidos, por exemplo, esse rol passou de 1 a cada 150 crianças em 2002 para 1 a cada 31 em 2025, demonstrando, mais uma vez, que o nível de atenção dos pais dobrou e que passaram a procurar ajuda especializada.
Recentemente, a PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) organizou uma palestra de quatro horas sobre os fundamentos do autismo, voltada aos alunos do Curso de Altos Estudos para Praças (CAEP I 2025). O objetivo principal da atividade foi aprofundar o conhecimento dos policiais militares sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que, por sua vez, está cada vez mais inserido no cotidiano desses profissionais e nas interações com a comunidade.
“A principal preocupação dos especialistas para com os pais e de adultos que estão dentro do espectro é a dificuldade de compreensão e identificação dos níveis de suporte que o autismo apresenta. Algumas estereotipias claras de um nível 2 ou 3 não estão evidenciadas em uma pessoa de nível 1, que muitas vezes não tem prejuízo de linguagem e possui a inteligência preservada. Portanto, o diagnóstico, neste caso, não é uma afirmação científica e sim um documento de natureza clínica, produzido por profissionais especializados que têm por objetivo afirmar se um indivíduo necessita de apoio”, finalizou Juliana Barbato.