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Analice Nicolau
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Azul reduz dívidas em R$ 3 bilhões com acordo estratégico

Companhia aérea converte obrigações em ações e evita intervenção judicial, enquanto reestruturação pode afetar parceria com a Gol

Analice Nicolau

09/10/2024 13h30

Nesta segunda-feira (7), a Azul deu um passo crucial ao firmar um acordo para renegociar seus contratos comerciais com fornecedores, cobrindo impressionantes 92% de suas dívidas. Parte desse montante será convertida em ações da companhia, um movimento estratégico que visa aliviar o peso financeiro sem recorrer aos tribunais. O acordo contou com o apoio de arrendadores e fabricantes de equipamentos, que aceitaram reduzir as obrigações da empresa em cerca de R$ 3 bilhões. Em troca, até 100 milhões de ações preferenciais serão emitidas de uma só vez, permitindo à Azul uma reestruturação sem intervenção judicial.

Para Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, o acerto da Azul é um exemplo clássico de recuperação extrajudicial, mesmo sem a formalização prevista pela Lei nº 11.101/05. “A recuperação extrajudicial é a renegociação de dívidas feita fora do judiciário, na qual a empresa entra em acordo diretamente com seus credores para evitar uma recuperação judicial tradicional, que envolveria processos mais formais e judiciais”, explicou Canutto.

Além disso, a Azul conseguiu evitar a utilização do “Chapter 11” nos Estados Unidos, uma proteção legal que suspende a execução de dívidas e permite que empresas em dificuldade reorganizem suas operações. Segundo Canutto, a conversão das dívidas em ações foi uma escolha estratégica que “permitirá à Azul reduzir significativamente suas obrigações financeiras sem passar por um processo judicial formal”.

O impacto desse acordo pode ser sentido não apenas pela Azul, mas também por sua parceira Gol. Ambas as empresas têm um acordo de codeshare, que permite compartilhar rotas e serviços, o que pode ser afetado dependendo de como a Azul ajusta suas operações. “Se a Azul tiver que reduzir ou ajustar suas rotas como parte da reestruturação, isso pode impactar os voos compartilhados com a GOL, criando possíveis ajustes na malha aérea combinada”, alerta Canutto. No entanto, ele também destaca que o alívio financeiro proporcionado pela renegociação das dívidas pode ajudar a mitigar esses riscos.

Em uma perspectiva positiva, se a reestruturação da Azul for bem-sucedida, a companhia poderá sair fortalecida e mais competitiva no mercado, potencialmente elevando a disputa com a Gol. “A Azul estaria em uma posição mais forte para competir com a Gol, dependendo de como a fusão entre as duas ou uma parceria mais ampla se desenvolve”, concluiu Canutto.

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