Procedimento foi realizado para tratar hérnia de disco na região do pescoço; rouquidão é efeito colateral possível devido à proximidade com nervo das cordas vocais
De acordo com o neurocirurgião Jamil Farhat Neto, a discectomia cervical é um procedimento cirúrgico realizado para remover discos danificados ou herniados na região do pescoço. O objetivo é aliviar a compressão sobre a medula espinhal e os nervos da coluna cervical, que pode causar dor intensa, formigamentos e perda de força nos braços.

O neurocirurgião explica que a hérnia de disco cervical é uma das principais causas que levam à necessidade de uma discectomia. Segundo o especialista, diversos fatores podem contribuir para o surgimento do problema.
Entre eles está o desgaste natural dos discos intervertebrais, que com o tempo perdem água e elasticidade, tornando-se mais suscetíveis a fissuras e hérnias. Traumas provocados por acidentes, quedas ou impactos fortes também podem desencadear a condição.
Além disso, hábitos como a má postura — especialmente ao passar horas com a cabeça inclinada para frente, seja no uso do celular ou diante do computador — sobrecarregam a região cervical. Atividades que exigem movimentos repetitivos do pescoço, como digitar ou pintar, também elevam o risco. A predisposição genética é outro fator que pode favorecer o desenvolvimento da hérnia.
Os sintomas podem variar de acordo com cada paciente, mas alguns sinais são mais recorrentes, conforme explica Farhat. Entre os mais comuns estão a dor no pescoço, e a dor irradiada, que se estende do pescoço para o ombro, braço, antebraço e até os dedos.

Formigamento ou dormência nos membros superiores também são sinais frequentes, assim como a fraqueza muscular, que pode dificultar ações como levantar o braço, segurar objetos ou realizar movimentos delicados com as mãos. Em alguns casos, os pacientes relatam dor de cabeça na região da nuca e rigidez no pescoço, com limitação dos movimentos.
Jamil ressalta que a cirurgia não é o primeiro tratamento a ser considerado. A maioria dos casos melhora com tratamentos conservadores, como fisioterapia, medicamentos, repouso e acupuntura.
“A cirurgia é recomendada quando os tratamentos conservadores não aliviam os sintomas após um período razoável, ou quando há compressão da medula espinhal com perda de força muscular significativa”, esclarece.
A discectomia pode ser feita de forma tradicional ou, em alguns casos, por endoscopia, método minimamente invasivo que oferece recuperação mais rápida e menos dor no pós-operatório. No procedimento tradicional, o cirurgião faz uma pequena incisão na parte frontal do pescoço para remover o disco danificado e colocar uma prótese.
Segundo o médico, a maioria dos pacientes se recupera bem, mas existem riscos, como dor, dificuldade para engolir, rouquidão, infecções e, em casos de fusão de vértebras, possibilidade de instabilidade ou sobrecarga em outros discos.
A apresentadora Luciana Gimenez passou por uma cirurgia na coluna há um mês e relatou que, desde então, tem enfrentado rouquidão na voz como uma das sequelas do procedimento. Em entrevista recente, ela contou que será necessário iniciar sessões de fonoaudiologia para ajudar na recuperação.
Segundo o médico Jamil, especialista ouvido pela reportagem, a rouquidão é um efeito colateral possível — embora não seja o mais comum — e pode ocorrer devido à proximidade da região operada com o nervo laríngeo recorrente, responsável pelo funcionamento das cordas vocais. Durante a cirurgia, mesmo com todos os cuidados, o nervo pode ser temporariamente afetado por manipulação, tração ou inchaço na área.