Por João Luiz da Fonseca*
Com a solenidade de apresentação da pintura dos novos carros que serão usados pela Red Bull e Racing Bulls em 2026, a equipe de Milton Keynes dá início a um novo capítulo e também a um dos maiores desafios de sua história na Fórmula 1.
Não por acaso, Detroit foi escolhida como palco do evento, marcado para 15 de janeiro. É justamente na maior cidade do estado de Michigan, nos Estados Unidos, que está a sede da Ford, parceira da escuderia para o desenvolvimento do motor que irá equipar os carros das duas equipes, por meio da divisão Red Bull Ford Powertrains, criada em 2021 e que será oficialmente apresentada durante a cerimônia.
Laurent Mekies, CEO e chefe de equipe da Oracle Red Bull Racing, destaca que o lançamento da era Red Bull Ford Powertrains “representa não apenas um passo ousado rumo ao futuro, mas também uma poderosa expressão do que é possível quando engenharia de classe mundial, inovação e paixão se unem. Ver a energia, a precisão e a escalada por trás deste projeto é inspirador. Estamos extremamente entusiasmados para começar este novo capítulo.”
Flores e pedras no caminho
A decisão de construir sua própria unidade de força começou quando a antiga fabricante de motores da equipe, a Honda, anunciou sua aposentadoria das corridas naquele ano.
Após discussões iniciais com vários fabricantes, a Oracle Red Bull Racing achou que seria melhor se tornar um deles, partindo de um projeto existente da Honda, que já vinha sendo utilizado pela Red Bull Racing e pela Racing Bulls.
No entanto, o congelamento do desenvolvimento de motores pela FIA a impediu de buscar formas de inovar a unidade de potência para obter mais força.
Mas em 2023, a Red Bull Powertrains firmou então a parceria técnica com a Ford para impulsionar a próxima geração de motores, o que para ambas representa um risco particularmente grande.
A volta da montadora americana ao grid da F1 como fornecedora de unidades de potência se dá após 22 anos longe da categoria, e por isso a Ford também foi obrigada a enfrentar desafios sem precedentes nos preparativos para o início dessa jornada, considerando ainda como maior obstáculo a necessidade de se encaixar nas novas regras de propulsão elétrica e combustíveis sustentáveis que entram em vigor em 2026.
Já a equipe austríaca vem de um histórico em construir os melhores chassis do grid, geralmente compondo um pacote aerodinâmico completo para maximizar a força descendente e a aderência.
Ter um carro extremamente rápido nas curvas permitiu que seus pilotos conquistassem vitórias mesmo contra carros com mais potência.
Mas nem sempre foi fácil para o time de Milton Keynes. Em 2014, um também novo conjunto de regras praticamente anulou sua aerodinâmica de ponta, e o motor Renault usado naquela geração do carro tinha potência insuficiente.
O que se viu foram vários anos em que a Red Bull Racing conquistou vitórias ocasionais, sem a consistência necessária para disputar o campeonato mundial, ao mesmo tempo assistindo a Mercedes assumir o papel de liderança na era híbrida. Entre 2014 e 2020, a equipe alemã conquistou o título em todos os anos.
Porém o quadro mudou em 2021 e, incluindo 2022, com o retorno da aerodinâmica de efeito solo, a equipe dominou a F1 nas duas temporadas consecutivas, quebrando inclusive recordes.
Mas desde o ano passado e principalmente nessa temporada, a ascensão notável da McLaren deixou mais uma vez a equipe em desvantagem, e a pressão agora nunca foi tão grande.
Agora, ao iniciar um novo capítulo em sua história como fabricante do próprio motor, ela quer recolocar a Red Bull no topo. Mas nesse cenário desafiador, a busca pela estabilidade exige que mais uma decisão igualmente importante seja meticulosamente acertada: a escolha do novo companheiro de Max Verstappen!