Lando Norris soube lidar com a alta pressão, a expectativa da equipe e a ameaça gigantesca dos rivais, especialmente de Max Verstappen, para concluir o GP de Abu Dhabi sem cometer erros e conseguir a pontuação necessária para conquistar seu primeiro título mundial de Fórmula 1.
E foi o que ele fez. Embora o piloto da Red Bull – seu principal rival e ameaça constante nas últimas etapas – tenha vencido a corrida, Norris garantiu o troféu com o terceiro lugar e apenas dois pontos a mais que Verstappen na classificação final do campeonato.
O título, como ele mesmo declarou, veio após uma “longa jornada”. A frase pode até soar estranha para aqueles que acompanham a Fórmula 1, já que Norris é um jovem piloto de apenas 26 anos e com cara de menino, muitas vezes visto desfilando pelo paddock de boné com a aba virada para trás.
Mas, de fato, sua trajetória nas pistas está prestes a completar duas décadas.
Lando, cujo pai, Adam, é um multimilionário que fez fortuna como corretor de pensões, nasceu na Inglaterra, em Bristol, em 13 de novembro de 1999, começou no kart aos sete anos e logo se destacou como um potencial futuro campeão mundial de Fórmula 1.
É claro que os recursos da família garantiram que ele tivesse tudo o que precisasse, mas o talento demonstrado precocemente foi a mola propulsora da carreira.
Quando chegou à Fórmula 1, imediatamente provou que tinha o que era preciso para decolar na maior categoria do automobilismo.
Lando estreou em 2019 na própria McLaren, tornando-se o inglês mais jovem a debutar na F1, aos 19 anos. Antes disso, desde 2017 ele já atuava como piloto de testes e simulador.
Devido ao bom histórico de vitórias nas categorias de base, que inclui o Campeonato Europeu de Fórmula 3 da FIA em 2017 e o vice-campeonato da Fórmula 2 em 2018, sua rápida adaptação à elite do esporte não foi nenhuma surpresa.
Em 2020 veio o primeiro pódio na F1, no GP da Áustria. No ano seguinte, comemorou a primeira pole position.
Mostrando evolução e conquistando pódios, a primeira vitória, porém, chegou apenas cinco anos depois da estreia, no Grande Prêmio de Miami de 2024. Foi o pontapé (ou melhor, a acelerada) inicial de uma temporada espetacular, a qual encerou como vice-campeão mundial, comandando também o primeiro título de construtores da McLaren em 26 anos, e quebrando um jejum que perdurava desde 1998.
Norris começou então 2025 como o favorito de muitos para o campeonato, após sua forte reta final da temporada passada.
E de cara confirmou as expectativas: o britânico abriu a etapa inaugural na frente, ao vencer o GP da Austrália.
Com um desempenho extraordinário do carro, a McLaren viu a liderança do campeonato se alternar por diversas vezes entre seus dois pilotos e tudo parecia tranquilo para a equipe papaya.
Mas após as férias de Verão, Max Verstappen também entrou com tudo na disputa e foi para a etapa final apenas 12 pontos atrás do líder.
O holandês pressionou a dupla feito um touro bravo e venceu o GP de Abu Dhabi. Mas Norris conseguiu o suficiente para garantir o campeonato e levar o Mundial. Essa conquista encerrou um jejum de 17 anos sem títulos de pilotos para a McLaren e marcou o britânico como o 35º piloto campeão mundial da F1.

Perfil além das pistas
Além de sua habilidade nas corridas, Norris é reconhecido também por sua personalidade cativante, senso de humor e carisma — fatores que o tornaram um dos pilotos mais populares entre uma geração mais jovem de fãs da Fórmula 1 e que representa atualmente o maior público que lota as arquibancadas nos círculos ao redor do mundo e acompanha as corridas pelas diversas plataformas e emissoras.
Após o GP, o piloto se afogou em lágrimas e dedicou a conquista aos pais, que mais uma vez estavam lá para apoiá-lo. “Achei que não fosse chorar. É uma longa jornada. Minha mãe, meu pai, sabe, eles são quem me apoiaram desde o começo. Cara, eu pareço um perdedor”, brincou, enquanto tentava segurar o choro, ainda com seu jeito de menino, mas agora com a energia de uma estrela do rock.
Foi assim, inclusive, que o definiu Fernando Alonso, que tem o hábito de colecionar capacetes, em trocas diretas com os colegas de grid.
Em 2021, na Áustria, foi a vez de Norris, e o britânico agradeceu ao veterano por ajudá-lo a se adaptar à McLaren, escrevendo em seu casco: “Fernando, obrigado por me ensinar tudo quando entrei na McLaren”.
Em retribuição, o bicampeão chamou o craque da McLaren de “astro do rock”, presenteando-o com um de seus próprios capacetes Alpine.
A mensagem de Alonso para Norris dizia: “Você é uma estrela, uma estrela do rock!! Muita sorte para o futuro, Lando!”.