João Luiz da Fonseca
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Considerado um dos pilotos mais experientes e bem-sucedidos na história da Fórmula 1, com sete títulos mundiais, Lewis Hamilton provocou alvoroço quando deixou a Mercedes para se transferir para a Ferrari no início do ano, marcando a maior contratação da categoria desde a chegada de Michael Schumacher, em 1996.
Com o maior nome da F1 se juntando à maior e mais tradicional equipe, essa associação foi tida também como a esperança em trazer de volta o título de pilotos e quebrar um jejum que já dura 18 anos, bem como o campeonato de construtores, que chegou pela última vez em 2008, quando tinha Felipe Massa e Kimi Raikkonen como dupla. Aliás, Kimi foi o último campeão pela escuderia de Maranello, tendo conquistado o mundial de pilotos em 2007.
Os dois sonhados objetivos, porém, continuam distantes de serem alcançados. Transcorridos 14 Grandes Prêmios até agora, Hamilton vem demonstrando um desempenho muito aquém do esperado, frustrando os fãs, a equipe e a si mesmo.
O piloto enfrenta dificuldades para (ainda) se adaptar ao carro SF-25, apontando problemas em “todos os aspectos”. Além disso, teve que lidar com falhas de comunicação com o engenheiro de corrida, Riccardo Adami.
E tudo desmoronou na última etapa antes da pausa de Verão, o GP da Hungria, onde atingiu seu ponto mais baixo.
Em um circuito no qual Hamilton detém todos os recordes significativos, ele foi eliminado no Q2, largou em 12° e viu o companheiro Charles Leclerc ficar com a pole position.
“Eles provavelmente precisam trocar de piloto”, lamentou o heptacampeão após a classificação, tendo se descrito como “absolutamente inútil”.
A autocrítica severa levou o ex-proprietário da F1, Bernie Ecclestone, a sugerir sua aposentadoria precoce.
O chefe de equipe, Frédéric Vasseur, concorda que o desafio, de fato, se mostrou bem maior que o esperado.
Hamilton está em sexto lugar no campeonato de pilotos, com 109 pontos, e não conseguiu nenhum pódio até agora nas corridas de domingo. O único resultado positivo foi o triunfo na sprint do GP da China, disputada no sábado e que não entra nas estatísticas oficiais.
Já Leclerc ficou cinco vezes entre os três primeiros, se firmando como o piloto mais forte da dupla.
Piloto de milhões
Apesar do desabafo em Budapeste, o piloto depois deixou as críticas de lado e voltou a demonstrar confiança em dar a volta por cima, otimista de que a equipe redobre os esforços para encontrar soluções e melhorar o desempenho do carro, contribuindo também com sugestões.
O que seria ideal, já que Hamilton continua sendo uma figura globalmente reconhecida e admirada, que segue agregando um enorme valor comercial para a Ferrari.
Segundo o Gazzetta dello Sport, a Ferrari registrou um lucro líquido de €837 milhões no primeiro semestre de 2025 – alta de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com a publicação, o impacto comercial do britânico em 2025 já soma cerca de €70 milhões – valor que supera com folga o salário, estimado de €40 milhões.
Se fora dos autódromos ele continua sendo um ativo de grande valor para Maranello, dentro das pistas a grande aposta passa a recair então na mudança de regras na Fórmula 1 em 2026, que concederá condições de igualdade às equipes e a oportunidade de ouro para a Ferrari tentar virar o jogo.
Na atual temporada, a lua de mel pode até ter acabado, mas o fim do “casamento” quem vai decidir é o próprio piloto.
O contrato de Hamilton com a Ferrari tem duração até o final de 2026, mas existe uma cláusula que dá a ele o poder de decidir unilateralmente se permanece na equipe em 2027, indeendentemente de desempenho e sem a necessidade de acordo.
Faz sentido que os brasileiros o chamem carinhosamente de “PATRÃO”?