Por Gilberto Amaral
No ermo da inauguração de Brasília havia uma mistura patriótica da poeira que era suavizada pelo perfume das rosas, dos lírios, das margaridas, graças ao talento e ao amor de um nipo-brasileiro que acreditou no destemor de Juscelino, deixou Taquaritinga, no interior de São Paulo, e veio para cá. Ele começou a vender flores na porta de mercados até instalar, em 1961, ao lado da mulher, Toioko Mizuno, a sua loja Flores do Planalto, a primeira do ramo na capital do país.
Abençoadamente, durante toda semana eu dava uma passada rápida por lá, primeiramente para ver o amigo, e depois para receber a boa energia que hoje compõe a trilha colorida de flores que leva o querido Mizuno para as mãos de Deus. E quão feliz está Jesus ao receber o buquê mais lindo das mãos santas desse filho amado!
Ele nem era chamado de Takeshi e nem de João, como muitos o conheciam, era simplesmente Mizuno.
Ao chegar, era sempre recepcionado pelo sorriso amável do casal, e na saída presenteado com uma flor para guiar os passos. Toda flor é santa, e Mizuno foi um santo enviado por Deus!
As festas da cidade, com o tempo, começaram a ficar mais belas e elegantes, graças à criatividade e decoração singular criada por Mizuno. Com a floricultura, juntaram recursos e fizeram alguns investimentos em imóveis, com o objetivo de obter rendas em aluguéis. E junto com a família de sua mulher Toioko, foi criada a rede Mizuno Kay de Combustíveis, uma das primeiras redes de postos do DF.
Na última sexta-feira Brasília se despediu deste amado pioneiro, ser humano de primeira grandeza, empresário que ajudou a elevar o nome da capital do país e que deixa um grande legado para os seus filhos, netos, bisnetas, e uma legião de amigos e admiradores. Descanse em paz e olhe por nós, querido Mizuno!