Menu
Viva

Dama da interpretação

Arquivo Geral

29/09/2013 9h35

Fernanda Montenegro tinha 20 “e poucos anos” quando leu  O Continente, primeira parte do romance cíclico O Tempo e o Vento, do escritor gaúcho Erico Verissimo, no começo dos anos 1950. Foi uma descoberta, e não apenas para ela.

 

“A literatura nordestina já fazia parte do imaginário da gente. Todos aqueles grandes escritores, com seus livros exponenciais – Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo, José Américo de Almeida. Estou esquecendo… Quem? Ah, Rachel de Queiroz”, cita a atriz, que já recebeu uma indicação Oscar por sua interpretação no drama Central do Brasil, de 1998. Com Erico, veio a revelação. “Minha geração descobriu o Rio Grande, que era outro mundo, com aquelas histórias bárbaras de fronteira.”

 

Bibiana


Mal sabia ela que, 60 anos mais tarde, seria a velha Bibiana da adaptação que Jayme Monjardim fez do livro. O Tempo e o Vento estreou esta semana e o diretor Jayme Monjardim não deixou por menos. Disse que teria desistido do filme se Fernanda não tivesse aceitado ser a sua Bibiana.

 

Ela diz que foi “puro cavalheirismo” de Monjardim, para agradar “à sua velha atriz”. Fernanda, de 83 anos, não foi inoculada pelo vírus do politicamente correto, que transformou a velhice na melhor idade. 

 

O filme é narrado pela velha Bibiana, que recebe a visita do fantasma do Capitão Rodrigo. Ele vem buscar sua prenda e, na ausência de tempo em que vive, Bibiana permanece jovem na sua lembrança.

 

Retrospectiva


A própria decisão de narrar os feitos dos homens pelo olhar das mulheres é uma coisa que tem respaldo no livro, embora pareça um pouco demais que Bibiana recue 100 anos para inteirar seu capitão das novidades. Seja como for, a criação da atriz é realmente admirável. 

 

Ela explica: “Venho de uma família longeva. Meus pais, avós, tios, meus sogros, todo mundo sempre viveu muito. Cresci cercada de velhos, e sempre fui muito observadora. É uma mistura de arte e vida. Tem técnica, sim, mas tem a observação. A respiração dos velhos, os gestos mais lentos, a voz, as silhuetas encurvadas. Vi muito isso para não ter absorvido.”

 

Fernanda Montenegro se prepara para atuar no novo filme de Domingos Oliveira. “Apesar do título, Infância, faço mais uma velha”, ri. O diretor começa a filmar ainda este mês. Serão duas semanas, no ritmo puxado do autor, e logo Fernanda emenda outra viagem ao Rio Grande para as externas de Doce de Mãe. 

 

A Globo gostou tanto do especial de fim de ano da Casa de Cinema de Porto Alegre – a história de Picucha – que a idosa ganha série. Outra grande família, mas com características próprias. Mamãe que não pode viver sozinha, os filhos cada qual com seus problemas. Picucha não é exatamente um doce de mãe – sabe ser ácida –, mas faz um doce ao qual ninguém resiste.

 

De família


A atriz está adorando a perspectiva do seriado. Sua filha, Fernanda Torres, já faz um seriado de sucesso na Globo, Tapas e Beijos. “Já tem três anos e todo mundo adora. Fernanda é uma grande comediante e forma uma dupla muito dinâmica com a Andrea (Beltrão)”, elogia a dama da dramaturgia, que ainda fará um filme dirigido por Alain Fresnot .

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado