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Brasília

Invasores do Torre Palace planejam ocupar novos locais e ameaçam Olimpíadas

Arquivo Geral

03/06/2016 6h00

Jéssica Antunes

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Novas ocupações podem surgir com a retirada dos sem-teto do hotel abandonado Torre Palace. Mais de 36 horas após o início da operação da Secretaria de Segurança Pública (SSP),  13 pessoas ainda resistiam à ordem judicial que os despeja, e não há prazo para o fim da operação. A estratégia é lenta, cara e pode reincidir. Manifestantes do Movimento de Resistência Popular (MRP) prometem invadir hotéis abandonados no Plano Piloto e em Taguatinga e ameaçam as Olimpíadas no DF. 

A SSP persistiu na tentativa de retirar os ocupantes do hotel abandonado em uma operação que tem o custo médio de R$ 1 milhão por dia, segundo o chefe da Comunicação da Polícia Militar, coronel Antônio Carlos.

Sem abastecimento água, luz e alimentos, os resistentes não se abateram e, por contrariarem a decisão judicial que autoriza a retirada, todos serão autuados pelo crime de desobediência: vão da ocupação irregular direto para a delegacia, mas apenas assinarão um termo circunstanciado e responderão em liberdade. 

Vencer pelo cansaço

A estratégia é clara: “Vamos vencer pelo cansaço”, diz o chefe da comunicação da PMDF. De acordo com ele, não é possível serem mais enérgicos devido à presença de crianças, submetidas a “tratamento cruel” pelos pais que não atendem à solicitação da corporação, e pelo estado psicológico dos ocupantes.

“A operação tem um gasto grande, mas a vida não tem preço. Eles ameaçam as crianças”, afirma.

Albergues são rejeitados por manifestantes

O espírito é de resistência. Aqueles que já deixaram o prédio dormiram ao relento no perímetro do hotel e passaram o dia gritando palavras de ordem e batucando latas vazias de tinta em apoio aos que persistem. “Nós não somos bandidos. Somos pais de família e trabalhadores. Disseram que fariam uma desratização e depois nos impediram de subir. Fomos tratados como cachorros. Estamos apenas lutando pelo nosso direito digno”, bradou Doriana Nunes, uma das coordenadoras do Movimento de Resistência Popular (MRP).

Doriana promete movimentos cada vez mais fortes. “Nós não vamos ficar quietos. Se o governo não solucionar nosso problema de moradia, as Olimpíadas vão sofrer”, ameaçou. Outra possibilidade é invadir hotéis abandonados que já seriam monitorados pelo grupo em Taguatinga e no Plano Piloto. “Nós não temos para onde ir”, justificou. De acordo com ela, havia entre 130 e 150 famílias ali. 

Nos dois dias de operação, funcionários da Secretaria-Adjunta de Desenvolvimento Social (Sedest) afirmaram que o governo está disposto a acolher as famílias necessitadas. Eles   oferecem a inclusão em cadastros de programas habitacionais e   vagas em albergues, que foram prontamente recusadas. 

“As nossas famílias já receberam o auxílio-aluguel e não podem mais. Querem nos jogar em albergues que nem moradores de rua querem ficar. Imagine nós, com crianças e bebês de colo?”, reclamou Doriana Nunes, do MRP. De acordo com ela, há mantimentos no local que garantem a presença dos sem- teto por semanas. O JBr. flagrou, inclusive, homens carregando galões de água e alimentos pelas escadas.

Conhecidos da polícia

Edson Silva, líder do MRP, foi preso em dezembro do ano passado por suspeita de extorquir dinheiro de integrantes de movimentos sociais. Ele está em liberdade provisória e esteve, nos dois dias, no hotel. Mas não é só ele quem tem ficha criminal. Segundo a SSP, pelo menos seis pessoas que resistem na ocupação respondem a processos judiciais.

Memória

As polêmicas envolvendo ocupações do Movimento de Resistência Popular são recorrentes desde o ano passado. Em setembro, eles ficaram seis dias alojados no hotel desativado Saint Peter, no Setor Hoteleiro Sul. A Justiça teve de intervir e o TJDFT determinou a saída dos integrantes do movimento. 

Eles foram transferidos para a área de um antigo clube em Taguatinga Sul, onde não foram bem recebidos pelos vizinhos. Em outubro, invadiram o abandonado Torre Palace.

Saiba mais

Representantes da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) estiveram no local e entregaram um documento onde classificaram a operação como inaceitável, responsabilizando o GDF por todo o ato de violência contra os invasores do edifício.

Segundo a SSP, cerca de 300 militares fazem a segurança do local, além de agentes de órgãos como Agência de Fiscalização (Agefis), Subsecretaria   da Ordem Pública e Social (Seops) e Corpo de Bombeiros.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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