Menu
Brasília

Música aliada à crítica no Carnaval

Arquivo Geral

17/01/2015 8h30

“Como é que pode? Como é que pode? Como é que pode o Agnelo deu calote?”, cantou o cartunista aposentado Joka Pavaroti, de 63 anos, fundador do tradicional bloco de carnaval da cidade  Pacotão, na tarde de ontem, no Conic. Tratava-se  de uma prévia do 37º Concurso de Marchinhas, que vai acontecer no próximo sábado, na 408/409 Norte. 

Forte concorrente na disputa pelo primeiro lugar entre as mais de 20 letras inscritas no concurso, a marchinha  Agnelo deu Calote  é a grande aposta do autor Joka para este ano. Acompanhado da Banda Podre, ele relembrou os antigos sucessos do bloco, como o Palpite Infeliz, O Caro é o Alho, As Periguetes, Arruda Cai Fora e Perereca de Bigode, e ainda aproveitou para cantar  as novas composições. 

Entre elas, marchinhas que trazem à tona temas polêmicos e atuais, como o escândalo na Petrobras; a conduta do ex-governador  Agnelo Queiroz; a derrota do Brasil na Copa do Mundo e a liberação do medicamento canabidiol. 

Com anos de experiência, Joka ainda contou a receita para uma marchinha de sucesso: simplicidade, humor e crítica política. “Desde a fundação do Pacotão,  eu vivo para essa festa. E a minha alma de cartunista não me deixaria escrever uma marchinha sem conteúdo”, relata.

Humor dá tom a protesto

Mais do que ensaiar as novas marchinhas carnavalescas, os integrantes do Pacotão ainda embalaram os foliões até as proximidades da Rodoviária do Plano Piloto. Entre eles, as estudantes  Jaluzza Monteiro, 16, e Lorena Hirllory, 18, se destacaram pela animação. Com o samba na ponta dos pés, elas garantem que são apaixonadas pelo Carnaval e que a letra das composições é uma forma de manifestação pacífica.

“Meu sonho é curtir o Carnaval no Pacotão e neste ano vou realizá-lo. Hoje, quando escutei as marchinhas, saí correndo para prestigiar a banda”, conta Jaluzza.

O pintor Cláudio Rogério Barbosa, 36 anos, que filmou todo o desfile do bloco, confessa que é no Carnaval que a população consegue reivindicar os problemas com humor e alegria. “Eu, por exemplo, acabei de sair estressado e cansado do trabalho, mas quando escutei o Pacotão passar também sai correndo, como muita gente fez, para curtir as marchinhas”, afirma ele.

Para o aposentado Cícero Ferreira Lopes, o Cicinho Filisteu, de 74 anos, outro integrante do bloco desde a sua fundação, é essa alegria contagiante que sustenta a festa. “Esse ano, teremos um Carnaval ainda mais animado, com a presença de muitos brasilienses indignados com a situação política da cidade”, conclui. 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado